A Câmara Federal tem tudo para passar a semana que vem com o plenário com pouca movimentação ou até mesmo vazio. Sabe quem agradece? O governo. Diante do feriado de Corpus Christi, a presidência da Casa não marcou sessões com presença obrigatória a partir desta segunda-feira (5).
O momento será usado pelo Palácio do Planalto para tentar reestruturar as pontes com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas). A ideia é aproveitar a apresentação da reforma tributária, na Comissão Especial, na terça-feira (6), para aumentar o diálogo com o parlamentar alagoano.
Lira prometeu ajudar na negociação da proposta que simplifica o sistema de cobrança de tributos no Brasil. O presidente da Câmara avisou que partidos de base, a exemplo do União Brasil, e do centrão, estão irritados com a falta de articulação do Planalto.
Susto no Planalto
Agora, aumenta a pressão para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faça o que tem relutado: entre de cabeça nas negociações.
Ao longo da semana, o governo tomou um susto. A medida provisória (MP) que reorganizou os ministérios foi aprovada menos de 11 horas antes de perder a validade. Isso porque Lula entrou em campo. Outras três MPs caducaram.
Em duas semanas, a MP que recriou o programa “Minha Casa, Minha Vida” precisará ser votada para que não seja paralisado. Até mesmo para os membros do PT, a avaliação é uma só, a de que Lula precisa assumir o comando da articulação política.
“Acho que o Lula tem que assumir o comando da articulação política. Isso ele sabe fazer. Nisso ele é um craque”, disse o deputado Lindbergh Farias, vice-líder do PT na Câmara.
Lula quer honrar acordos
O presidente já mandou que os acordos com os deputados sejam honrados, inclusive com a liberação rápida das emendas e nomeações. A questão é que não é apenas isso que irrita os os aliados. Muitas vezes, os pedidos são simples.
“Eu, Ricardo Silva, vice-líder de um dos maiores blocos desta Casa, estou tentando falar com o ministro da Educação, e esse ministro não atende”, reclamou o deputado Ricardo Silva, vice-líder do PSD na Câmara.
Lição de humildade
Neste sábado (3), no interior de São Paulo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, admitiu que o governo teve uma lição de humildade.
“Com muito respeito ao Congresso e com muita humildade, também vai se reformulando para que aqueles compromissos firmados com o Congresso Nacional sejam executados no menor tempo possível”, pontuou Padilha.
A ideia de aliados na Câmara é que Lula converse mais com Lira, líderes da base e comandos de frentes parlamentares. Padilha seguiria no chamado “varejo”, a negociação direta com os deputados.