Animais, plantas e fungos que inspiram a ciência e a indústria na busca pela cura para doenças. É o que você vai ver agora, na primeira reportagem da série especial "Segredos da Amazônia", do Jornal da Band.
A Amazônia guarda um terço das árvores do planeta, 20% por cento de toda a água doce do mundo, além de 25% das espécies de seres vivos conhecidas.
Mas, apesar de tanta grandiosidade, o segredo da floresta está em partículas microscópicas. No DNA - código genético de fungos e bactérias ou de animais, como os sapos ou os peixes, ou de vegetais, como a vitória-régia ou o açaí.
“Nós temos a maior diversidade do mundo de espécies de todos os tipos. Então nós temos um potencial gigantesco, porque cada espécie dessa tem uma característica química distinta. E, portanto, tem características do ponto de vista terapêutico diferenciadas”, exalta Virgílio Viana, superintendente da Fundação Amazônia Sustentável.
A reportagem está atrás de um tipo de sapo que só existe na Amazônia: o sapo kambô. Nele, pode estar a chave para a solução de grandes problemas do mundo moderno, como a cura de alguns tipos de câncer.
No início da trilha, a equipe é surpreendida por enorme tarântula - uma aranha que pode chegar a 30 cm de comprimento. É peluda e tem uma mordida dolorida, mas o veneno não é tão perigoso para humanos como o de outras aranhas bem menores.
A guia é a bióloga Luciana Frazão, que explica que a maioria dos sapos tem hábitos noturnos. E quando eles estão ativos, eles emitem sons característicos.
Com a ajuda de Luciana, depois de quase uma hora de caminhada, finalmente o sapo kambô é encontrado.
A ciência explica o porquê do kambô ser tão valioso. O veneno do sapo é usado em pesquisas para desenvolver novos compostos medicinais, como antibióticos e remédios contra o câncer.
“Alguns desses resultados envolvem justamente a ação antibacteriana e antifúngica, contra bactérias e fungos. E tem algumas pesquisas andando também que envolvem ação antitumoral, então para câncer teria algumas pesquisas envolvendo o veneno do kambô”, explica a bióloga.
Já são 20 patentes de estudos realizadas com o veneno do anfíbio. A maioria na Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
As pesquisas podem ajudar a solucionar um dos maiores problemas de medicina no futuro: a diminuição da eficiência dos antibióticos. Um relatório da ONU, de 2019, mostra que até 2050 10 milhões de pessoas podem morrer por ano no mundo por causa da resistência bacteriana. Ou seja, infecções que não respondem mais aos antibióticos que já conhecemos.
"Se você parar para pensar que uma única espécie de anfíbio tem tanto potencial biotecnológico, você imagina o potencial de centenas e centenas de espécies conhecidas e desconhecidas de anfíbios que a gente tem aqui na Amazônia”, imagina o biólogo Igor Kaefer.
A flora amazônica também é muito valiosa para a medicina. Os fungos, por exemplo, são estudados por cientistas do mundo inteiro.
Em 1928, fungos encontrados na Europa geraram o primeiro antibiótico do mundo, a penicilina, que aumentou a expectativa de vida da humanidade em 23 anos.
Em oito anos de estudos na Amazônia, a equipe da professora Noêmia descobriu 25 novas espécies de fungos, que nunca haviam sido catalogadas pela ciência.
A cada três dias, uma nova espécie de ser vivo é descoberta na Amazônia. Um potencial de biodiversidade único no planeta, mas que sofre com as queimadas e o desmatamento.
Proteger a Amazônia é preservar um dos maiores laboratórios naturais do planeta.
Na reportagem especial desta quarta (28), você vai conhecer o pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do planeta.