Saiba como o PCC e o Comando Vermelho faturaram R$ 6 bi em um ano com empresas fantasmas

O que parecia um caso isolado revelou uma engenharia financeira sofisticada, a serviço das duas principais facções do Rio de Janeiro e de São Paulo

Por Fernando David

Empresas de fachada e bilhões de reais lavados para o crime organizado. Depois de uma megaoperação na semana passada, a polícia do Rio de Janeiro descobriu mais detalhes do esquema do Comando Vermelho com o PCC. Até agora, apenas duas pessoas foram presas.

Com capital social de R$ 500 mil, a Ônix Perfumaria faturou impressionantes R$ 155 milhões em pouco mais de um ano de operação. Poderia ser uma história de sucesso, mas virou um caso de polícia.

A Ônix, na verdade, é uma empresa de fachada. A sócia é uma laranja, uma mulher inscrita em programas de auxílio do governo. Tudo parte de um esquema que lavou R$ 6 bilhões para o Comando Vermelho e o PCC, e que veio à tona depois que uma pessoa foi presa depositando R$ 150 mil na conta da Onix.

O que parecia um caso isolado revelou uma engenharia financeira sofisticada, a serviço das duas principais facções do Rio de Janeiro e de São Paulo, que fizeram uma aliança estratégica para burlar as normas do sistema financeiro e lavar o dinheiro do crime. Funcionava assim:

• Pessoas sem antecedentes criminais depositavam dinheiro em contas de 22 empresas de fachada;

• Depois de rodar em várias transações, os valores acabavam em um banco digital: o 4TBank, que segundo a polícia, tem ligações diretas com o PCC.

• Parte do dinheiro era usado para comprar armas e drogas no Paraguai e na Bolívia, e outra parte voltava declarado como lucro pelas empresas fantasmas.

• O dinheiro financiava o luxo das lideranças e virava mesada a famílias de presos, o chamado “INSS do crime”.

“Parte desses valores retornavam aqui para o Rio de Janeiro, também pulverizado em empresas, cujos sócios também afirmaram que eram associados ao tráfico para fins de lucros ou exploração territorial”, disse o delegado Jefferson em entrevista coletiva.

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