Rússia critica entrada da Finlândia na Otan e promete retaliação

De acordo com o Ministério da Defesa do país, a adesão da Finlândia amplia o risco de o conflito com a Ucrânia expandir

Por Sonia Blota

Bandeira da Finlândia e da Otan
Foto: Reprodução/Ministério das Relações Exteriores da Finlândia

O governo da Rússia criticou a entrada da Finlândia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta terça-feira (4). A cerimônia de início da participação aconteceu em Bruxelas, na Bélgica.

De acordo com o Ministério da Defesa do país, a adesão da Finlândia amplia o risco de o conflito com a Ucrânia expandir. Além disso, o porta voz do governo afirmou que o país nórdico na Otan representa um agravamento da guerra.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chamou a decisão de Helsinque de aderir ao bloco de uma "invasão" da segurança da Rússia e disse que a estrutura da Otan é hostil à Rússia.

O que é a Otan e quais são os objetivos?

A Organização do Tratado do Atlântico Norte é uma aliança política e militar entre os 31 países membros - 29 nações europeia, mais os Estados Unidos e o Canadá.

O objetivo da aliança é garantir a segurança e liberdade dos estados que fazem parte. "Se os esforços diplomáticos falham, a organização tem o poderio militar para realizar operações de gerenciamento de crises", aponta a própria Otan.

A organização funciona sob o princípio da defesa coletiva, de que um ataque a um ou mais países membro é uma ofensiva a todos. A resposta é feita de acordo com o quinto artigo do Tratado de Washington, acordo que guia a organização, ou sob direção das Nações Unidas (ONU).

O quinto artigo foi usado em uma única ocasião: em 2001, em resposta ao ataque ao World Trade Center no Estados Unidos. Outros países e organizações internacionais eventualmente podem fazer parte das ações da aliança.

Os países membros consultam e tomam decisões sobre questões de segurança, em todos os níveis, diariamente. As resoluções são feitas em consenso.

Somados, os estados que fazem parte da Otan tem cerca de 3,5 milhões de soldados. Em 2020, os gastos combinados da organização com armamento correspondia a 57% do total global, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo.

Quais são os países que fazem parte da Otan?

A lista de membros abaixo contém a data em que cada nação entrou para a organização.

  • Albânia (2009)
  • Alemanha (1955)
  • Bélgica (1949)
  • Bulgária (2004)
  • Canadá (1949)
  • Croácia (2009)
  • Dinamarca (1949)
  • Eslováquia (2004)
  • Eslovênia (2004)
  • Espanha (1982)
  • Estados Unidos (1949)
  • Estônia (2004)
  • Finlândia (2023)
  • França (1949)
  • Grécia (1952)
  • Holanda (1949)
  • Hungria (1999)
  • Islândia  (1949)
  • Itália (1949)
  • Letônia (2004)
  • Lituânia (2004)
  • Luxemburgo (1949)
  • Montenegro (2017)
  • Macedônia do Norte (2020)
  • Noruega (1949)
  • Polônia (1999)
  • Portugal (1949)
  • Reino Unido (1949)
  • República Tcheca (1999)
  • Romênia (2004)
  • Turquia (1952)

Qual foi o motivo da criação da Otan?

A aliança surgiu depois da Segunda Guerra Mundial e no início da Guerra Fria, com um tratado de ajuda militar mútua entre França e Reino Unido, caso ocorressem ataques da Alemanha ou da União Soviética.

As negociações expandiram e resultaram na assinatura do Tratado do Atlântico Norte em 4 de abril de 1949 pelos estados membros da União da Europa Ocidental - Bélgica, França, Luxemburgo, Holanda, Reino Unido - mais os Estados Unidos, Canadá, Portugal, Itália, Noruega, Dinamarca e Islândia.

Tensão com a Rússia

Agora, a Finlândia, que tem cerca de 1,3 mil quilômetros de fronteira com o país liderado por Vladimir Putin, poderá ser defendida pelas forças militares da Otan em caso de possível ofensiva russa sobre o território.

Após o anúncio, o Kremlin já anunciou retaliações. Nesta terça (4), o ministro de Defesa do país, Sergei Shoigu, falou que a adesão “cria risco de uma escalada nos conflitos” e afirmou que a Rússia “tomará medidas retaliatórias para defender a nação”.  

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que o aumento da Otan é uma ameaça à Rússia e que o governo irá agir "de maneira tática e estratégica para defender a segurança”.  

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