Retratos de Tiradentes mudaram ao longo dos anos

Contexto político ajudou a forjar imagem do herói nacional

Jornal da Band

Ouro Preto, Minas Gerais. Na praça que já se chamou Independência fica o monumento em homenagem a Tiradentes. Chama atenção. Ele fica de frente para a antiga Prefeitura da Vila Rica do século XVIII, que mais tarde se transformou no Museu dos Inconfidentes. 

Lá foram depositados os restos mortais dos homens que queriam uma Minas Gerais livre da Corte Portuguesa e sonhavam com a República do Panteão. Estão 14 deles em destaque. 

O nome do mais conhecido, Tiradentes, pela atuação política dele, que sempre desafiou os estudiosos no assunto. No museu estão objetos que ajudam a contar a história, entre eles o que seria forca de Tiradentes. 

O museu foi criado durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, no momento de forte caráter nacionalista. Vargas ressaltava a importância do nacionalismo e destacava que a República estava construindo desde o século IXX. “Era um gás a mais nesse nacionalismo essa simbologia essa idealização do movimento”, afirma o historiador Bernardo Andrade. 

Retratos

O quadro de Pedro Américo foi pintado quase dois séculos depois da morte de Tiradentes. “O retrato de Tiradentes esquartejado é quase o de Cristo martirizado”, contextualiza Andrade. 

A estátua em Ouro Preto foi inaugurada em 1894, “nesse mesmo contexto Tiradentes como Cristo da República”. “Não tinha como naquele momento se criar uma representação do Marechal Deodoro da Fonseca, o nosso primeiro presidente, que até na véspera do golpe militar ele era monarquista e a República foi um golpe contra a Monarquia. Então, a gente tinha que trazer um personagem que também votou contra essa Monarquia. Nada como trazer o Tiradentes. Ele morreu sem pegar em armas”, pontua o historiador André Figueiredo Rodrigues

Na escola e livros de história, Tiradentes é retratado como um homem com cabelos longos barba longa. Mas com o tempo essa imagem do Tiradentes foi se desconstruindo e agora, em Ouro Preto, outra imagem apareceu, baseada em relatos do escritor Diogo Vasconcelos que no passado redigiu um artigo pouco divulgado até hoje. A família de Diogo conhecia Tiradentes muito bem.

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