Pressionadas pelos pais e alertadas pelos especialistas, as escolas começaram a agir contra a interferência que os celulares causam no desempenho dos alunos nos estudos. Muitas cidades no Brasil, como o Rio de Janeiro, já restringem o uso do aparelho em sala de aula e devolvem o foco e concentração para crianças e adolescentes.
No Rio, após uma consulta pública com os pais neste ano, os telefones foram proibidos em toda a rede municipal. E os resultados já começaram a aparecer dentro e fora da sala de aula. Lucas Cassiano, que está no fundamental II, agora enxerga como era prejudicado pelo celular.
"Quando rolava a aula, chegava uma mensagem no celular, eu ficava vidrado na mensagem, eu fico olhando e não prestava atenção na aula", conta o menino de 14 anos. Giovana Mourão, de 15, nunca trouxe o telefone para a escola, mas sentia que era prejudicada pelos colegas que levavam.
"Até em momentos de prova tinha gente que mexia e atrapalhava muito. Na prova de matemática, nas mais difíceis, o pessoal usava e a gente precisava de concentração", conta. Na Zona Norte do Rio, a escola Martin Luther King, com quase 500 alunos, recolhe os telefones antes das aulas.
Os alunos agora assinam a chamada e o aparelho fica guardado até o fim do dia. "Muita gente reclama porque realmente tem pessoas que têm dependência né", aponta a aluna Giovana.
Este tipo de medida, na opinião do pediatra Daniel Becker, devolve a infância para as crianças. "Elas precisam de coisas muito simples. É preciso que a sociedade se organize para devolver a infância para as crianças, porque a brincadeira é a marca e linguagem da infância e da adolescência também. É libertar as crianças das telas", diz.
Do outro lado do Atlântico, Paris também diminui o uso de celulares pelas crianças
Na França, há regulamentações específicas para o uso de celulares por crianças, especialmente no ambiente escolar. A política procura melhorar a concentração dos alunos, reduzir distrações e combater o bullying virtual.
Há seis anos, o país proibiu o uso de celulares em escolas primárias e secundárias para alunos de até 15 anos. Isso inclui tanto as aulas quanto os intervalos e almoços. Fora do ambiente escolar, a responsabilidade é dos pais e responsáveis, que são aconselhados a estabelecer regras claras para o uso dos dispositivos.
Os educadores também conversam com os pais para incentivar atividades fora das telas, como leitura, esportes, brincadeiras ao ar livre e tempo com amigos e familiares.
Celular é proibido nas escolas do Rio
Reprodução/Band