Série Especial: grupo de intelectuais fez revolução na cultura brasileira

Mudanças que eles trouxeram refletem nos movimentos culturais das periferias das grandes cidades

Por Juliano Dip

Na terceira reportagem da série especial do Jornal da Band, você vai ver que há 100 anos, um grupo de intelectuais fazia uma verdadeira revolução na cultura brasileira.

Era a Semana de Arte Moderna ou a Semana de 22. As mudanças que eles trouxeram refletem até hoje, por exemplo, nos movimentos culturais das periferias das grandes cidades. 

E se a semana de arte moderna fosse realizada hoje não faltariam fotos para registrar o evento. Mas em uma época em que celular não existia, nem pensamento, os registros eram raros.

Apesar de ser considerado um evento paulistano, um dos principais barulhos da Semana de 22 foi causado pelo poeta pernambucano Manuel Bandeira, que vivia no Rio de Janeiro. Ele não foi ao evento, mas enviou o seu poema “Sapos”.

A homenagem ao animal era uma crítica irônica ao parnasianismo. Nem todo mundo entendeu e a plateia reagiu com vaias, arremessos de legumes do palco e, até hoje, há quem diga que tudo não passou de armação de Oswald de Andrade.

“As pessoas batiam o pé no chão, davam patadas. E algumas pessoas, diz a lenda, que jogavam batatas, cenouras, legumes, dizem alguns pesquisadores que ele contratou estudantes do São Francisco para vaiar, para dar uma polêmica, para repercutir, conta o pintor Edgar Moretti.

Mário de Andrade também foi alvo de vaias. Se no teatro a ela era falsa, do lado de fora a rejeição foi bem real.

“A participação dele na semana, a publicação da pauliceia desvairada fez com que ele perdesse muitos alunos porque essas famílias, famílias paulistanas mais conservadoras não queriam que a suas moças tivessem contato com esse artista que se revelava para eles um maluco”, conta Pedro Fragelli, doutor em literatura brasileira.

Mário de Andrade atravessou gerações. Sua obra é admirada, estudada e consumida até hoje. O poeta segue vivo nos livros.

Aquele modernismo de 22 ainda era restrito a uma pequena parte da elite da sociedade paulistana. Hoje, 100 anos depois, os artistas ainda buscam romper os padrões pré-estabelecidos pela arte e pela sociedade.

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