Além de combater o crime, o cerco aos contrabandistas pode reforçar o caixa do governo. O valor que o Brasil deixa de recolher em impostos por causa de produtos piratas é maior que todo o orçamento para a saúde.
De 300 mil peças automotivas falsificadas aprendidas em Goiânia a 1,5 milhão de pares de tênis descobertos em um galpão de São Paulo. Os criminosos falsificam e contrabandeiam de tudo. A quantidade e a variedade impressionam.
Em 2020, o contrabando e a falsificação de produtos provocaram a perda de R$ 260 bilhões com a arrecadação de impostos no país, um valor superior ao orçamento anual destinado à saúde pública. O crescimento foi de 20% em relação ao ano anterior.
Durante a pandemia, houve um grande aumento da falsificação de produtos, como a máscara facial.
“Isso porque houve uma procura maior dos consumidores porque houve necessidade maior de abastecimento desses produtos nos hospitais públicos e privados. Nós estamos falando aqui de instrumentos cirúrgicos hospitalares, de máscaras, vacinas, produtos que seriamente lesam a saúde e segurança do consumidor", atestou Rodolpho Ramazzini, diretor da ABCF (Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas).
Mesmo com a fiscalização, os contrabandistas encontram brechas nos mais de 16 mil quilômetros de fronteiras e contam também com a entrada dos produtos ilegais junto a mercadorias lícitas pelos portos. Isso mexe com a economia do país.
“Perde o consumidor, que pode sofrer um prejuízo na sua saúde e na sua segurança e perde também a indústria nacional, que sofre essa concorrência desleal”, finalizou Ramazzini.