Como instrumentos numa orquestra, as terapias indicadas para o pequeno Nicolas funcionam bem, desde que todas juntas e sem interrupção. Aos 12 anos, ele tem se desenvolvido bem dentro do espectro autista, acompanhado por vários profissionais.
“A interrupção de forma abrupta das terapias causa uma desregulação emocional, que leva a criança a perder o controle emocional totalmente, levando até a agressões físicas”, explicou o professor Emerson Moraes, pai de Nicolas.
O garoto ficou semanas sem a terapia por causa do plano de saúde, que custa cerca de R$ 2 mil. O pai precisou entrar na Justiça três vezes.
“São várias maneiras de tentar botar usuário para fora. Faz a negativa, te empurram para uma clínica que não tem condições de te atender. Aí vem o cancelamento de surpresa”, desabafou o pai.
Já faz meses que casos assim se multiplicam no país. Foram mais de 11 mil reclamações de janeiro a agosto em órgãos como Pocon e Agência Nacional de Saúde (ANS).
Por causa do aumento de cancelamentos de contratos, a Secretaria Nacional do Consumidor abriu um processo administrativo contra 17 operadoras de planos e quatro associações.
Em maio, um acordo envolvendo até a Câmara dos Deputados orientou operadoras a suspenderem as rescisões unilaterais de planos coletivos, que têm regras menos rígidas que os planos individuais, mas as queixas não pararam.
A FenaSaúde disse que as operadoras associadas não realizam cancelamentos em massa. A Associação Brasileira de Planos de Saúde informou que responderá aos questionamentos da Senacon, na busca para manter o setor sustentável.