A fábrica clandestina de cigarros estourada nesta terça-feira (19) em Triunfo (RS), na Grande Porto Alegre, revela uma nova estratégia criminosa: em vez de contrabandear os produtos do Paraguai, quadrilhas investem na produção nacional.
Atualmente, quase a metade dos cigarros vendidos no Brasil são contrabandeados, principalmente do país vizinho. A maior parte chega pela fronteira em rotas terrestres.
Mas, aos poucos, o mercado ilegal está mudando. Em vez de importar, criminosos preferem fabricar o cigarro em solo nacional.
Na operação desta terça, a Polícia Federal e a Receita Federal descobriram uma fábrica clandestina que funcionava dentro de um bunker no Rio Grande do Sul. Por mês, produziam 10 milhões de maços.
“Desde 2012, já foram 20 ocorrências, muitas aqui no estado do Rio Grande do Sul, mas também em São Paulo e Minas Gerais. A Receita tem feito um trabalho de inteligência para coibir também essa prática ilegal” diz Gastão Tonding, auditor da Receita Federal.
De janeiro a setembro deste ano, a Receita Federal apreendeu pouco mais de R$ 1 bilhão em cigarros ilegais no país. Um mercado que sonega impostos e fecha empregos formais.
Na indústria subterrânea localizada na região metropolitana de Porto Alegre, 18 trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados. Eram 17 paraguaios e um brasileiro.
Eles foram encaminhados para um albergue em Porto Alegre. O Ministério Público do Trabalho solicitou o bloqueio de parte do dinheiro apreendido para indenizá-los e para pagar os custos das viagens de retorno dos estrangeiros ao Paraguai.