Mesmo depois da prisão de um sargento da Aeronáutica, a quadrilha que usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para o tráfico de drogas continuou a atuar. É o que mostra um relatório da Polícia Federal obtido com exclusividade pelo Jornal da Band.
Um colaborador ouvido pela Polícia Federal e que tem o nome mantido em sigilo revelou que a quadrilha conseguiu mandar cocaína para e Europa em aviões da FAB por 30 vezes a partir de 2013. Em cada viagem, eram transportados no mínimo 10 quilos da droga.
De acordo com o relatório policial obtido pelo Jornal da Band, o colaborador disse que mesmo após a prisão do sargento da Aeronáutica, o líder da organização criminosa continuou enviando toneladas de droga para fora do país, desta vez, a partir de portos na região sul.
O tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa ocorre, na maior parte das vezes, por rotas marítimas. Só no ano passado, a alfândega de Antuérpia, na Bélgica, apreendeu quase 90 toneladas da droga, cinco vezes mais do que o total encontrado, no mesmo período, no maior porto brasileiro, o de Santos, no litoral paulista.
Quadrilhas que utilizavam aviões também passaram a traficar por meio de contêineres em navios. Foi o caso do grupo criminoso que usava voos da FAB para levar a cocaína para o continente europeu com a ajuda de militares corruptos.
Em junho de 2019, o flagrante de 39 quilos da droga com um sargento em um avião da Força Aérea virou escândalo internacional. Manoel da Silva Rodrigues estava a serviço de uma missão presidencial durante uma viagem ao Japão quando a cocaína foi encontrada com ele em uma escala em Sevilha, na Espanha. Ele segue preso e é investigado por tráfico e lavagem de dinheiro.
O objetivo, agora, é identificar e apreender o patrimônio dos acusados de envolvimento no esquema.