Projeto quer criar "Arca de Noé" na Lua para salvar Terra de ameaças

Da Redação, com Jornal da Band

Um projeto que mais parece filme de ficção: cientistas querem criar uma espécie de “Arca de Noé” na Lua. Seria uma apólice de seguro global para salvar a biodiversidade da Terra no caso de um cataclisma. Pode parecer utopia, mas é um projeto é real, elaborado pelo pesquisador da Universidade do Arizona, Jekan Thanga, com ajuda de seis alunos. As informações são da editora do Jornal da Band Beatriz Corrêa.

“Funcionaria como um backup de dados, já que todo mundo produz muitos dados e dados valiosos, e eles tem backup. E backup ideal não é aquele que fica ao lado da versão original em casa, você o armazena em outro lugar. Então sob essa perspectiva, o backup da Terra precisa ficar em outro lugar. E que lugar melhor do que a Lua?”, explica o pesquisador. 

O projeto lista sete potenciais ameaças para a sobrevivência da humanidade - algumas delas já foram vistas no passado, outras avançam em câmera lenta. Erupções vulcânicas, guerras nucleares, asteroides, pandemias, mudanças climáticas, tempestades solares e estiagem global. 

Qualquer um desses eventos poderia colocar em xeque a sobrevivência de uma ou mais espécies aqui na Terra, tal qual o dilúvio descrito na bíblia. 

Reza a tradição, que Deus orientou Noé a construir uma grande arca para abrigar um casal de cada espécie de animal para dar continuidade à vida após meses de chuva. 

Porém, em vez de um barco, uma estação do tamanho de um pequeno aeroporto construída no subsolo do satélite terrestre. A “arca” idealizada pelos pesquisadores do Arizona ficaria em túneis de lava, canais subterrâneos que existem há 4 bilhões de anos, mas que só foram descobertos em 2013. Um escudo natural contra a radiação do sol e um ambiente onde a temperatura é estável. 

Ali ficariam armazenadas 335 milhões de amostras enviadas da Terra. Células-tronco, embriões, ovos, sementes e esporos de seis milhões e 700 mil espécies, que ficariam guardadas numa arca a menos 180 graus Celsius. A energia viria de painéis solares. 

“Nós queremos armazenar uma amostra de 50 a 500 indivíduos de cada espécie, e a razão de ser entre 50 e 500 é para ter uma população viável se você precisar usar essa arca e apertar o botão de reset”, disse Thanga. 

É um projeto de longo prazo, que só começou a ser esboçado agora, e levaria pelo menos 30 anos para ficar pronto. Jekan estima que seriam necessários 250 lançamentos de foguete, seis vezes mais do que foi preciso para montar a Estação Espacial Internacional, por exemplo. Outro desafio seria a coleta de material. 

“Nós somos da visão que uma estratégia dessas é global, precisa da parceria e cooperação de muitas nações, muitos ecossistemas, muitas pessoas, precisa acontecer em uma escala global. Muito relevante é a Amazônia brasileira, que é um dos ecossistemas mais ricos do mundo, terão que ser feitos esforços e cooperação para contemplar todas as espécies e conseguir todas as espécies para esse esforço da arca”, explica. 

E quanto custaria para construir a arca? Essa é uma estimativa que nem os pesquisadores tem ainda. Eles imaginam que com o barateamento dos custos das missões espaciais e mais países se lançando na exploração do espaço - o projeto ficaria mais viável do ponto de vista econômico. 

“Antes de 1969 você tinha a união soviética e os Estados Unidos. Eles eram os únicos atores - agora tem muito mais gente. Isso é uma boa coisa porque, em última estância, nós precisamos começar a pensar globalmente. Isso é para o planeta inteiro, não necessariamente para apenas um país ou uma sociedade”, finalizou Thanga.

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