A situação do sistema hospitalar do Brasil está ficando a cada dia que passa mais crítico. O mapa de ocupação das UTIs mostra 13 Estados com ocupação acima dos 90% e oito acima de 80%. Os outros 6 Estados têm taxa de 70%.
Rosane Santiago é enfermeira. Trabalha no atendimento a pacientes com covid-19 em Salvador. Tem 28 anos e está exausta.
“A gente lidar com mais de três óbitos, quatro óbitos em 12 horas de relógio de plantão. Você acha que é fácil? Não é fácil”, desabafou a profissional de saúde.
A imagem mostra as ambulâncias estacionadas em uma unidade de pronto atendimento da capital baiana. Dentro delas, segundo os enfermeiros e médicos, pacientes são atendidos por falta de vagas nos hospitais.
Pela primeira vez, o Estado de São Paulo, que reúne o maior número de leitos do país, atingiu a marca de 80% de ocupação. No Hospital Mandaqui, na zona norte da cidade, não havia mais vagas na manhã desta segunda-feira (8). A médica Ana Karolina relata a pressão neste momento sobre as equipes de saúde.
“Os profissionais de saúde são treinados para trabalhar sob pressão, mas a pandemia veio para mostrar que realmente existe um limite, e esse limite acho que chegou”, analisou.
Não bastasse o colapso na estrutura física, há o esgotamento também da força humana. Isso tanto nos locais onde, neste momento, é feita a contratação de mais profissionais de saúde para atender leitos abertos com a chegada de novos casos, quanto para quem está trabalhando e precisa reunir forças para seguir com a rotina em meio ao aumento da pandemia.
“Estamos em guerra, não é? Mas quem vai cuidar da gente depois? E as nossas sequelas?”, questiona a enfermeira Rosane.
Pelos hospitais, relatos de plantões que se estendem e horas extras. A batalha tem deixado marcas. Exaustão física e emocional, sobrecarga, estresse. O diagnóstico foi feito pela Associação Médica Brasileira.
“Não temos dados sobre o diagnóstico específicos sobre a Síndrome de Burnout nos profissionais de saúde, mas certamente, pelos indícios que temos, ela é expressiva” alerta Eduardo Fernandes, presidente da associação médica.
E é assim, cansados, que eles acompanham flagrantes de aglomerações e festas clandestinas. E nesta guerra, onde cada um de nós exerce um papel, o deles é seguir na trincheira.