Foi um mês inteiro com uma sequência de acontecimentos que pareciam não ter fim. A impressão é que já se passou muito tempo desde o início da tragédia que matou dezenas e deixou centenas de milhares desabrigados no Rio Grande do Sul, mas tudo começou há pouco mais de 30 dias.
Temporais atingiram a Região dos Vales e a Serra Gaúcha no dia 27 de abril. Também choveu muito forte em Porto Alegre, causando alagamentos pontuais. Dois dias depois, alerta vermelho dos meteorologistas para o grande volume de precipitação em mais da metade do estado.
Temporais provocam deslizamentos de terra e desabamentos. No dia 30, houve os registros das primeiras mortes e desaparecidos. Estradas foram bloqueadas, enquanto rodovias e pontes foram destruídas pela correnteza.
Em 1º de maio, cenas dramáticas de resgates se intensificaram. Cidades ficaram submersas. Casas foram levadas pela correnteza. Moradores eram retirados dos telhados.
O governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública. No dia 2 de maio, rios da Região dos Vales já registravam recorde das cheias. O nível do Rio Taquari passou de 30 metros de altura. A chuva não parou, e Porto Alegre começou a ser inundada. Tudo ficou debaixo d'água, de estádios a prédios históricos.
Band deslocou 30 equipes
Mais de 30 equipes de reportagem da Band acompanharam os acontecimentos em várias regiões do Rio Grande do Sul. O socorro de vários estados também chegou ao estado, entre autoridades públicas e voluntários.
Mais de 600 mil pessoas tiveram que deixar as casas, enquanto 80 mil tiveram que ir para abrigos provisórios. Em Porto Alegre, o Lago Guaíba recuou, mas ainda está acima da cota de inundação, quase um mês depois de invadir boa parte da capital.
A maior tragédia climática do Rio Grande do Sul também é a terceira grande enchente do estado em menos de um ano, um drama cada vez mais frequente. Trata-se de um sinal claro de que é preciso investir em prevenção para amenizar o impacto na vida das pessoas.
Choveu como nunca
Choveu como nunca no Rio Grande do Sul. Em apenas um mês, a cidade que mais choveu, Caxias do Sul, registrou mais de 981 milímetros, sete vezes maior que o esperado. Rios transbordaram e invadiram as cidades. Começou, então, o efeito cascata. Essa enxurrada toda desceu para o Guaíba, inundando Porto Alegre e cidades da região.
Os sistemas de contenção, como diques, romperam e não conseguiram evitar o pior na Grande Porto Alegre. A enxurrada desceu para sul do estado. A Lagoa dos Patos transbordou e provocou o mesmo efeito nas cidades dessa região.
Algumas cidades destruídas têm, agora, um solo como uma esponja encharcada. Voltar para algumas áreas é um risco para a população. Até então, 169 pessoas morreram e 45 ainda estão desaparecidas. Agora, o desafio para as autoridades é investir em prevenção para que a tragédia não se repita.