PF quer ouvir Bolsonaro e Michelle sobre o escândalo da venda de bens

O ex-presidente está irritado com a possibilidade de Michelle depor, porque segundo ele, "seria um ataque à família"

Por Caiã Messina

O ministro do supremo Alexandre De Moraes passou boa parte do dia analisando o pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal de Jair Bolsonaro, feito pela Polícia Federal.

Pessoas próximas ao ministro dizem que a decisão será "técnica e juridicamente bem fundamentada", ainda mais diante da afirmação recorrente do ex-presidente bolsonaro de que está sofrendo "perseguição política".

Colegas de Moraes, que tiveram acesso à investigação sobre as joias, ficaram impressionados. Relataram nos bastidores a "riqueza de detalhes" da apuração e as conclusões da PF, definidas por Ministros como "categóricas".

Dois pontos chamaram a atenção do STF. As mensagens de Mauro Cid, do pai dele, o general da reserva Lourena Cid, do ex-assessor da presidência Marcelo Câmara e do atual assessor, Osmar Crivelatti, são acompanhadas de georeferência no inquérito, ou seja: mostram de onde foram mandadas.

As que detalharam a operação para a recompra do rolex após determinação do Tribunal de Contas, por exemplo, trazem o endereço da loja nos estados unidos, especializada em artigos de luxo.

É essa aqui: a precision watches tinha adquirido o relógio de ouro, platina e cravejado de diamantes e o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, foi, segundo os investigadores, quem viajou para recuperá-lo. As duas hipóteses desenhadas pelos delegados apontam numa só direção.

A Polícia Federal afirma que houve uma "unidade de desígnios com o objetivo de desviar, em proveito do ex-presidente Jair Bolsonaro, presentes, ao menos três conjuntos de alto valor patrimonial, por ele recebidos em razão de seu cargo. 

O inquérito menciona ainda que o dinheiro das vendas ficou "acautelado e sob responsabilidade do general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, e posteriormente transferido, em espécie, para a posse de Jair Messias Bolsonaro.

Essa troca de mensagens entre o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, de acordo com a PF, menciona o temor de usar o sistema bancário para trazer 25 mil dólares que seriam do ex-presidente. Cid afirma que o pai dele queria ir falar com o presidente, dar um abraço nele. E aí, ele poderia levar, entregar em mãos, mas poderia também depositar em conta. Câmara responde: melhor trazer em cash.

Em nota, a defesa de Jair Bolsonaro afirmou que jamais se apropriou ou desviou bens públicos e a movimentação bancária dele está à disposição da justiça. A polícia federal quer ouvir o ex-presidente e a mulher dele, Michelle, já na semana que vem. 

Bolsonaro, segundo o comando do partido dele, o PL, tem dito que o trabalho da PF "não é sério" e teria como objetivo "afetar a imagem dele". O ex presidente está irritado com a possibilidade de Michelle depor, porque segundo ele, "seria um ataque à família dele".

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