Durante o novo depoimento na sede da Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid foi questionado sobre a gravação da reunião ministerial de julho de 2022, encontrada num computador dele e tratada como “reunião do golpe”. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não apresentou o vídeo espontaneamente, o que deveria ter feito, já que fechou um acordo de cooperação.
Cid disse que não se lembrava do teor da reunião e que não tinha o registro. Com a delação fechada com a PF, o militar tem que falar a verdade. Se for comprovado que ele escondeu provas, ele pode perder o benefício concedido pela Justiça, que permitiu liberdade provisória, depois de quase quatro meses preso.
Depoimento de ex-comandantes
Os investigadores esperam, com o depoimento desta segunda (11), ligar pontas que ficaram soltas, principalmente depois que Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e Carlos Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, confirmaram uma tentativa de golpe.
Os dois ex-comandantes reforçaram o que Cid já havia delatado. Houve reuniões com o então presidente Bolsonaro que trataram de rascunhos de documentos que tinham como intenção reverter o resultado das eleições de 2022.
Caso das joias
Cid também falou sobre o caso das joias recebidas por Bolsonaro. O ex-ajudante de ordens reforçou que o ex-presidente acreditava que os presentes eram dele e não da União. O general Mauro César Lourena Cid, pai do delator, também participou da venda para lojas especializadas, em Miami, no Estados Unidos.
Nos próximos dias, uma equipe da PF voltará aos EUA para aprofundar as apurações sobre as joias. Em abril, o Exército decidirá sobre promoções de militares. Já há uma convicção na força que Cid não será promovido a coronel. Os critérios avaliados são merecimento e antiguidade.