Investigadores da Polícia Federal (PF) querem apurar as suspeitas de fraude no Sistema Único de Saúde (SUS) e no Sistema Nacional de Transplantes, que tem critérios rigorosos para o rastreio de doadores de órgãos. Ambos seguem portarias estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A investigação foi solicitada pelo Ministério da Saúde. A decisão saiu após uma conversa entre o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Eles acreditam que a atuação federal não entra em conflito com a da Polícia Civil do Rio de Janeiro e que as apurações podem ser complementares.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, não acredita que a contaminação de pacientes transplantados com HIV, no Rio de Janeiro, tenha se repetido em outros estados. Além disso, prometeu endurecer a fiscalização.
“Nós reforçaremos uma fiscalização de natureza mais geral em relação as vigilâncias sanitárias estaduais. É um caso isolado, sim, inédito. Como eu falei, não tínhamos nenhum registro desse tipo em anos do Sistema Nacional de Transplantes”, comentou a ministra.
A Saúde determinou uma auditoria urgente no sistema de transplantes do Rio de Janeiro e que todos os testes para as doações de órgãos do estado sejam feitos pelo Hemorio. A PF também apurará o envolvimento do deputado federal Doutor Luizinho, líder dos Progressistas na Câmara e parente de dois dos três sócios do laboratório PCS Lab Saleme.
Luizinho, que chegou a ser indicado pelo centrão para o Ministério da Saúde, é ex-secretário da Saúde do Rio de Janeiro e ainda exerce influência política no órgão. O deputado é integrante do clã político de Cláudio Castro (Republicanos) e chegou a ser citado por ele como possível candidato ao governo do estado em 2026.
Em nota, Luizinho admitiu conhecer os sócios do laboratório e afirmou que espera "punição aos responsáveis, independente de quem for".