PF apura possíveis desvios na contratação do laboratório que emitiu laudos errados de HIV

Polícia Federal quer saber se houve desvio de dinheiro público na contratação envolvendo o laboratório PCS Saleme, que emitiu laudos errados de HIV

Da redação

A Polícia Federal (PF) investiga se houve desvio de recursos públicos na contratação do laboratório PCS Saleme, responsável por emitir os laudos de HIV com resultados errados. Isso causou a transmissão do vírus para pessoas que receberam órgãos do doador infectado.

Em entrevista exclusiva à BandNews FM, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, disse que o objetivo é proteger o Sistema Nacional de Transplantes.

“A investigação é dinâmica e pode revelar novas circunstâncias, mas que apontam sobretudo, para a questão de crime contra a saúde pública, do crime previsto na própria legislação de transplantes, no crime previsto na Lei de Licitações e também no Código Penal, em relação à licitações e contratos”, disse o chefe da PF na entrevista.

Nos bastidores da investigação, o deputado federal Doutor Luizinho (Progressistsas) está na mira. O líder do partido na Câmara é parente de dois sócios do laboratório, primo de Matheus Sales Teixeira e sobrinho de Walter Vieira, preso na última segunda-feira (14).

Luizinho era secretário de Saúde quando o processo de licitação estava em andamento. Já a irmã do deputado trabalha na Fundação Saúde, empresa pública responsável pela escolha do laboratório.

MS sabia há um mês

Outra apuração da Band destaca que o Ministério da Saúde já sabia das infecções desde o mês passado. Mesmo assim, a investigação policial só começou após o escândalo vir à tona, denunciado pelo jornalista Rodolfo Schneider.

A informação chegou à Secretaria de Atenção Especializada à Saúde no dia 13 de setembro, repassada pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. As vítimas alegam que, até a publicação da reportagem, não foram procuradas por nenhuma autoridade.

Só quando o caso foi revelado pela Band, na última sexta-feira (11), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou medidas de emergência. Entre elas, refazer testes em quem recebeu órgãos, possivelmente, contaminados.

A primeira conversa de Nísia com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (Republicanos), sobre as infecções aconteceu só nessa segunda-feira (14).

Nota do MS

Numa nota divulgada nesta terça-feira (15), o Ministério da Saúde afirmou que, desde 13 de setembro, uma investigação foi iniciada pela vigilância sanitária estadual e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A pasta também informou que fez recomendações urgentes à Central De Transplantes Do Rio de Janeiro para identificar hospitais e quem recebeu os órgãos, fazer a retestagem das amostras em outro laboratório e monitorar quem recebeu os órgãos infectados para iniciar o tratamento.

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