No Brasil, 15 milhões de litros combustíveis saem das bombas de postos de combustíveis a cada hora. É um mercado que movimenta bilhões de reais. Boa parte das transações ainda são feitas à moda antiga, com dinheiro vivo, o que facilita atividades do crime organizado.
“No setor de combustível, praticamente, a metade das vendas ainda é feita com dinheiro vivo. Essas vendas em dinheiro vivo ajudam muito o desvio de recurso para o crime organizado”, explicou o presidente do Instituto Combustível Legal, Emerson Kapaz.
Suspeitas sobre o PCC
O setor de combustíveis ainda é um desafio para a fiscalização, o que chama a atenção de organizações criminosas, como o PCC, de São Paulo. Objetivo? Lavagem de dinheiro.
“Existem 43 mil postos de combustível no país, aproximadamente. Mais de 1.100 postos já foram identificados como de propriedade do crime organizado, não só dessa facção criminosa, mas, como milícia, também tem envolvimento com esse tipo de criminalidade”, alertou Ivana David, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Investigação contra fornecedora
O Ministério Público de São Paulo chegou a investigar a ligação do PCC com os controladores da quinta maior fornecedora de gasolina do país, a Copape Produtos de Petróleo, com sede em Guarulhos, na Região Metropolitana da capital, mas não encontrou provas.
A Copape teve, nos últimos anos, um crescimento meteórico, segundo o MP, em meio à venda de combustível abaixo do preço de mercado, fruto de um esquema de adulteração e sonegação de impostos. A empresa nega a ligação com o crime organizado.
Atuação de milícias no RJ
No Rio de Janeiro, há suspeita de que a milícia usa a estrutura do setor de combustíveis para lavar o dinheiro das atividades criminosas. Agentes responsáveis pela fiscalização das bombas são coagidos e ameaçados, inclusive sob a mira de armas de fogo.
“Essa atuação do crime organizado atrapalha, também, a fiscalização porque coloca em risco a integridade dos fiscais. Chegar lá e se sentir ameaçado? Têm relatos. São ameaças mesmo, com arma na cara, para atrapalhar fiscalização”, lamentou o fiscal Marcelo Morais, diretor de Metrologia do Inmetro.
A Band questionou a Polícia Civil do Rio de Janeiro se existe alguma investigação sobre as denúncias da ação da milícia no setor de combustíveis, mas a corporação não respondeu.
Entrada do crime no mercado
A entrada no setor de combustíveis ainda atende outro propósito mais sutil do crime organizado, além da lavagem de dinheiro: a legitimação dos criminosos como empresários no mercado formal.
“Esse é o objetivo final deles é poder ter, de fato, uma atuação que se mistura um pouco, não ficar só caracterizado como droga, arma, etc. Eles querem passar a impressão de que estão entrando no sistema financeiro no mercado como um todo”, expôs Kapaz.