Decisão de não punir Pazuello gera preocupação com a quebra de disciplina dos militares

A avaliação no Exército é a de que Bolsonaro também perdeu força entre os militares nesse episódio

Da Redação

A decisão do Exército de não punir o general Eduardo Pazuello por participar de um ato com o presidente Bolsonaro repercutiu na política e nos quartéis. O clima, no geral, é de preocupação com a quebra da disciplina, base das forças armadas.

Cresce a intenção de redobrar a atenção: eventuais casos identificados, como a "politização da tropa", vão ser tratados com dureza. 

O oposição no congresso afirma que o sinal enviado com a absolvição do ex-ministro da saúde foi "péssimo".

“Conquistamos a democracia a duras penas, e hoje estamos vendo um general da ativa participando de um ato político, o que é proibido pela lei”, diz o deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR).

Mas alguns generais dizem que o próprio regulamento disciplinar abriu espaço para que Pazuello não fosse punido.

Na relação das transgressões, o item 56 proíbe tomar parte em área militar ou sob jurisdição militar, de assuntos de natureza político-partidária ou religiosa. O item 57 veda a manifestação pública do militar da ativa, sem que esteja autorizado. E, o seguinte, tomar parte, fardado, em manifestações.

O argumento é que ao participar de evento no Rio de Janeiro, o ex-ministro não estava em área militar, não fez discurso político, não usou farda e teve autorização para se juntar à manifestação de Jair Bolsonaro, que é comandante em chefe das forças armadas.

“A decisão do comandante do Exército precisa ser apoiada porque foi sensata e correta”, disse o deputado federal Vitor Hugo (PSL-BA).

Pela internet, o presidente afirmou que o código de conduta dos militares é "bastante rígido" e que ninguém interfere na decisão do comandante do Exército. 

Em uma postagem, o general da reserva Santos Cruz, que foi ministro da secretaria de governo, afirmou que houve uma desmoralização, um ataque frontal à hierarquia e disciplina do Exército. Segundo ele, “é preciso trabalhar para que a política partidária, a politicagem e o populismo, não entrem nos quartéis”.

Uma coisa é certa: Pazuello segue na ativa, mas está extremamente desgastado. A pressão para ele ir para a reserva aumentou. O general não terá mais nenhum cargo dentro das forças armadas.

A avaliação no Exército é a de que Bolsonaro também perdeu força entre os militares nesse episódio, ao usar o que foi definido como "último cartucho", para defender o ex-ministro da saúde. Atualmente, Pazuello é secretário de estudos estratégicos do governo, e trabalha a poucos metros do gabinete do presidente.

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