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Paciente que recebeu transplante de órgãos com HIV presta depoimento: “me colocou em depressão”

Escândalo foi revelado com exclusividade pela BandNews FM em outubro do ano passado

Fernando David

Uma das pacientes infectadas por HIV após transplantes de órgãos no Rio de Janeiro afirmou, em depoimento, que entrou em depressão após ter sido comunicada que havia testado positivo para o vírus. O escândalo foi revelado com exclusividade pelo jornalista Rodolfo Schneider na BandNews FM, em outubro do ano passado.

“Quando ela me falou, eu fiquei em choque. Eu olhei para o meu marido e não sabia o que falar”, disse a paciente. 

O jornalismo da Band teve acesso aos depoimentos da primeira audiência sobre escândalos dos transplantes com órgãos contaminados. 

“A doutora veio e me falou que eu estava contaminada. E aí, eu entrei em pânico, porque até então eu não tinha nada a ver com HIV, eu estava bem. Eu fazia os meus exames de rotina. E, de repente, essa doença veio, cara, isso é um baque para qualquer um”, relatou. 

O escândalo dos transplantes foi revelado em primeira mão pelo jornalismo da Band, em outubro do ano passado. Seis pacientes foram contaminados com HIV. 

As investigações apontaram o laboratório PCS Saleme, na Baixada Fluminense, como responsável. A empresa foi contratada pelo governo do Rio de Janeiro por R$ 13 milhões para atender ao programa estadual de transplantes. 

Seis pessoas foram presas: Walter Vieira e Matheus Vieira, sócios do PCS Saleme; Adriana Vargas, coordenadora de qualidade; além de três funcionários. Todos foram soltos, no final de 2024, e respondem em liberdade por associação criminosa, lesão corporal e falsidade ideológica. 

A denúncia do Ministério Público afirma que os acusados modificaram protocolos de segurança conscientemente, colocando em risco e o sistema brasileiro de transplantes. O objetivo era cortar custos e aumentar o lucro do laboratório. 

Durante a audiência, um funcionário confirmou que recebeu ordens para diminuir a frequência dos testes de controle de qualidade. A periodicidade do controle do equipamento passou de diário para semanal. Assim, a coordenadora Adriana puxou a responsabilidade para ela e disse que foi ordem superior. 

As defesas de Walter e Matheus Vieira, e de Adriana Vargas, negam as acusações. A próxima audiência foi marcada para o dia 14 de abril. 

“Isso me colocou em depressão. Eu fiquei assim... eu não falava dentro da minha casa, eu só via o pânico, não dormia a noite, até hoje eu não consigo dormir à noite”, relatou uma paciente. 

“Eu não consigo mais trabalhar direito, eu sinto dores. Me deixou impedida de fazer várias coisas”, disse. 

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