Uma operação da Polícia Federal em Alagoas estremeceu ainda mais a relação entre o governo Lula e o presidente da Câmara.
Os R$ 4,5 milhões apreendidos pela Polícia Federal em cofres e malas abriram mais uma frente de tensão na Câmara. Aliados de Arthur Lira viram na operação em Alagoas e Brasília envolvendo pessoas ligadas a ele uma maneira de pressionar.
A investigação sobre um esquema de desvio de dinheiro público para compra de equipamentos de robótica em 43 municípios alagoanos começou em 2022.
A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do ex-assessor de Lira, Luciano Cavalcante, que trabalhou também para o pai do parlamentar, o ex-senador Benedito de Lira. Atualmente, Luciano comanda o União
Brasil em Alagoas e mostra, em fotos, a proximidade com o presidente da Câmara.
A queixa chegou rápido ao ministro da Justiça, a quem a Polícia Federal é subordinada. Flávio Dino foi à casa de Arthur Lira e garantiu que não houve "direcionamento" em relação à operação.
Ele ressaltou que os mandados foram expedidos no dia 15 de maio, mas a ação só foi desencadeada agora porque dois alvos estavam nos Estados Unidos e retornaram no domingo.
O presidente da Câmara, no entanto, disse a parlamentares próximos que "não acredita em coincidências" e sinalizou que o planalto pode contar com ele apenas em propostas definidas como de estado, como a reforma tributária.
Na quinta-feira (1º), Lira deixou claro a irritação com o governo Lula.
“Importante que se diga, deixe claro, que daqui para frente, governo vai ter que andar com suas pernas. Não haverá nenhum tipo de sacrifício”, disse.
Ministros que têm bom trânsito com Lira vão procurar o presidente da Câmara para tentar diminuir a tensão e melhorar a relação com o Planalto.