Número 2 da Abin é demitido após investigação da PF sobre espionagem ilegal

Alessandro Moretti teria ligações com Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin investigado por monitorar autoridades ilegalmente

Da redação

O diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti, foi demitido, segundo apurou o Jornal da Band com fontes ligadas ao Palácio do Planalto. Investigação da Polícia Federal (PF) indica possível relação dele com o deputado Alexandre Ramagem (PL), investigado por manter esquema de espionagem ilegal de autoridades.

As investigações da PF levantaram suspeitas de que a atual direção da Abin ainda estaria contaminada pelo bolsonarismo.

Nesta terça-feira (30), veio a público uma reunião do atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, com o ex-titular Alexandre Ramagem, indicado no governo de Jair Bolsonaro (PL). O encontro ocorreu na sede da agência, em julho do ano passado, fora da agenda oficial.

Ramagem é suspeito de manter uma espécie de “Abin paralela” e de ter recebido informações da agência mesmo depois de ter deixado o cargo, em 2022.

Em entrevista à Rádio CBN de Recife, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter confiança em Corrêa, mas questionou a atuação do número 2 da Abin, Alessandro Moretti, que teria relação com Ramagem.

"Tem um cidadão [Moretti], que é o que está sendo acusado, que é o que mantinha relação com o Ramagem, inclusive relação que permaneceu já durante o trabalho dele na Abin. Se isso for verdade, não há clima para esse cidadão continuar na polícia”, disse Lula.

No Planalto, a confirmação da saída de Moretti chegou no início da noite desta terça-feira (30). Fontes do governo dizem que um nome da própria agência deve substituí-lo.

Por telefone, Lula conversou com o diretor-geral da Abin no final de semana. No Palácio do Planalto, a saída de Moretti é considerada questão de tempo. Fontes do governo dizem que ele é pressionado e pode pedir demissão para evitar mais constrangimentos.

Lula também contestou a afirmação de Bolsonaro, de que é perseguido pela PF. Para Lula, a colocação do ex-presidente é “uma grande asneira”.

“Eu posso falar que ele falou uma grande asneira. O governo brasileiro não manda na Polícia Federal, muito menos o governo brasileiro manda na Justiça. Todo mundo sabe o que eu penso tanto da Polícia Federal quanto do MP. Se quiser investigar, investigue, mas não faça show pirotécnico”, considerou Lula.

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