Uma nota técnica do Ministério da Saúde diz que a hidroxicloroquina é eficaz contra a Covid-19 e as vacinas, não. O documento contraria especialistas ouvidos pelo próprio ministério, além de pesquisas científicas feitas em diversas partes do mundo e avalizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Causou estranheza na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a nota técnica do secretário de tecnologia do Ministério da Saúde. Ao rejeitar o protocolo elaborado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao SUS (Conitec), Hélio Angotti Neto, Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, condenou o uso das vacinas contra a doença e defendeu a hidroxicoloriquina, que integra o chamado “kit covid” - com ineficácia já demonstrada contra a doença.
Meiruze de Freitas, diretora da Anvisa, reafirmou que os imunizantes são seguros e a cloroquina não tem resultado no combate ao coronavírus.
A reação dentro do ministério foi forte e contrária à postura defendida por Angotti, principalmente dentro do grupo de especialistas da Conitec. Especialistas ouvidos pelo próprio Ministério da Saúde para elaborar as diretrizes dizem que vão recorrer dessa nota publicada. Também não é descartada a possibilidade de levar o nome do secretário ao comitê de ética da Saúde.
Enquanto isso, a Anvisa encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Polícia Federal novas ameaças e ataques recebidos por e-mail logo após a aprovação do uso da CoronaVac em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos.
Ministério nega ter atestado “segurança” da hidroxicloroquina
Após a forte repercussão da nota técnica, o Ministério da Saúde se manifestou no fim da noite do sábado sobre o caso, negando ter atestado a eficácia da hidroxicloroquina contra a doença ou questionado a eficácia dos imunizantes.
“O Ministério da Saúde esclarece que em nenhum momento afirmou que o referido fármaco é seguro para tratamento da Covid-19, nem questionou a segurança das vacinas, que é atestada pela agência reguladora”, defendeu-se.
Segundo a pasta, a interpretação foi “retirada erroneamente” da nota técnica.
“A secretaria informou que, observada isoladamente, não traduz o real contexto, explicitado no próprio texto. A interpretação de que ela afirma existência de evidências para o medicamento cloroquina e não existência de evidências para vacinas é errada e descontextualizada”, completou.