O Lago Guaíba ficou abaixo da cota de alerta nesta sexta-feira (7). Agora, é hora de entender onde os sistemas de diques e drenagem de Porto Alegre falharam. A experiência dos Países Baixos, cortado por diversos rios e com um terço do território abaixo do nível do mar, poderá contribuir.
“Para ver se qual experiências da Holanda nós podemos trazer para compartilhar e para falar com os ‘espertos’ daqui e, realmente, melhorar os sistemas”, disse o Wieneke Vullings, representante da diplomacia holandesa no Brasil.
Os Países Baixos têm um dos maiores diques do mundo, com 32 quilômetros de comprimento e 90 metros de largura. Essa muralha foi construída no mar após uma enchente, nos anos de 1950, que matou mais de 1,8 mil pessoas.
Em Porto Alegre, rodovias e avenidas também são diques elevados, em uma extensão de 24 quilômetros. O sistema de contenção é da década de 1970. Foi construído depois da enchente histórica de 1941.
No Rio Grande do Sul, os três engenheiros holandeses sugerem alternativas adotadas no país europeu, como um "plano b" para as bombas de drenagem de água, com estruturas móveis em caso de falhas no sistema, como aconteceu em Porto Alegre. Também apontaram a possibilidade da utilização de diques mpoveis.
“Em caso de enchente, podia pré-instalar um dique temporário que podia ser utilizado durante a enchente ou um sistema que não tenha um sistema permanente, mas colocar no local em qualquer momento”, analisou o engenheiro Ben Lamoree.
A tecnologia pode ser replicada em áreas mais baixas, como na cidade de Eldorado do Sul, uma das mais afetadas pela enchente.
“A situação de Eldorado seria muito semelhante à situação que eles estão acostumados. Teríamos uma área onde nós teríamos que estar permanentemente protegidos por diques”, explicou Joel Goldenfun, diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas UFRGS.
A comitiva do governo holandês ainda percorrerá, acompanhada de técnicos da prefeitura de Porto Alegre, todas as estruturas de proteção contra cheias da capital. Também visitarão áreas da cidade que ainda não contam com proteção. Os engenheiros apresentarão um relatório de sugestões ao Rio Grande do Sul.
"São obras emergenciais em casa de bombas, novos motores, novos sistemas de segurança, para que elas não venham mais a passar por isso que passamos, de desligamento por inundações”, pontuou Maurício Loss, diretor do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Porto Alegre.