Já parou para pensar quantas coisas do nosso dia-a-dia foram descobertas, projetadas e inventadas por mulheres? Mas nem sempre elas recebem o devido crédito e pagamento pelo trabalho.
Padrão de calçada
O famoso desenho da calçada de São Paulo, um símbolo da cidade, é de autoria de Mirthes Bernardes, a mulher que venceu um concurso da Prefeitura de São Paulo para criar um padrão de calçada para a cidade. Ela era a funcionária que recebia redesenhava os desenhos que recebia de acordo com o padrão do município. Até que, um dia, resolveu criar um de própria autoria.
Wi-fi
A internet wi-fi é outro exemplo. A tecnologia usada foi descoberta por Hedy Lammar, mais uma inventora tardiamente reconhecida. Lammar era judia e se refugiou do regime nazista nos Estados Unidos, onde se tornou uma famosa atriz de Hollywood e chegou a ser conhecida como “a mulher mais bonita do mundo”, mas foi na ciência que ela conseguiu seu maior feito.
Lammar desenvolveu um sistema de comunicação sofisticado para tornar os torpedos de submarinos aliados e mais precisos. A ideia era confundir o inimigo e tornar as mensagens mais seguras, alternando as frequências de transmissão. A inspiração surgiu de um piano, quando ela percebeu que ao repetir as notas tocadas em outra escala estabelecia um novo canal de comunicação.
Anos mais tarde, quando o registro de patente havia expirado, uma empresa usou a tecnologia para criar o wi-fi. Em 1997, três anos antes de morrer, a inventora uma menção honrosa do governo dos Estados Unidos, que agradecia por “abrir novos caminhos nas fronteiras da eletrônica”.
No Brasil, poucas mulheres registram suas invenções, principalmente comparadas aos homens. Em 2022, o percentual de inventoras pedindo patentes era de 5,8%, enquanto homens representam 72% do total.
“As mulheres têm cada vez mais criado, tendo ideias, e estão mais corajosas de irem em busca de seus objetivos. Mas é um conjunto de fatores. A questão cultural traz muitas responsabilidades, quando falamos do lar, da maternidade, e isso acaba limitando”, disse Daniela Mazzei, diretora do Museu das Invenções.
Orelhão
Cada vez mais raros, os orelhões também foram invenção de uma mulher e, dessa vez, brasileira. Nos anos 70, o objeto fazia parte da paisagem urbana brasileira e virou tema de uma crônica de Carlos Drumond de Andrade, que dizia "a população tomou conta das cabinas, que não são cabinas, são uma cuia gozada, a céu aberto, uma cuia que fala. Simpatizou com elas. Aprovou-as”.
A criadora foi Chu Ming Silveira, arquiteta e designer formada pela faculdade de arquitetura da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Ela chefiava, o departamento de projetos da companhia telefônica brasileira em 1971, quando desenhou o protetor para telefones públicos. As estruturas foram batizadas de Chu I e Chu II, em homenagem a sua criadora que nasceu na China e veio aos 10 anos para o Brasil.