Ao longo da pandemia do novo coronavírus, ficou mais difícil levar doadores voluntários para os hospitais, pelas restrições de locomoção e pelo risco de contágio de covid-19. O transplante de medula óssea tem sido uma alternativa para a falta de doadores.
A leucemia é o câncer mais comum entre as crianças, e quando o caso é grave, o transplante acaba sendo necessário.
Para driblar a dificuldade de se encontrar um doador 100% compatível no Brasil, está crescendo o número de doações entre pais e filhos, ou também entre meio-irmãos. Neste caso, a compatibilidade geralmente é menor – cerca de 50%.
“Isso vem para solucionar o problema de não achar um doador, que esse sempre foi nosso principal problema”, diz Renata Fittipaldi, coordenadora do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança Com Câncer).
“O brasileiro é fruto da miscigenação de muitos povos. Então isso faz com que a gente tenha um perfil genético extremamente variado, e isso faz com que dificulte achar alguém que seja igual a você que não seja da sua família”, explica.
Em São Paulo, no hospital do Graacc, referência em câncer infantil, houve um aumento de 60% nos transplantes de pais para filhos. Quando a medula é metade compatível, o paciente passa por uma quimioterapia após o transplante para eliminar as células diferentes que podem causar rejeição.
Mas toda doação é bem-vinda. “O melhor doador é aquele que você tem. Se eu tenho um doador nos Estados Unidos, mas ele não pode doar, e eu tenho o pai ou a mãe em casa que podem doar, eu vou usar o pai e a mãe”, diz Renata Fittipaldi.