A procura desesperada já durava mais de um mês. Gleisciane estava vivendo na Cracolândia, em São Paulo, local conhecido pelo fluxo de dependentes químicos. Por trás desse sofrimento, tem muita história.
Ela começa no interior do Amazonas, cidade de Coari, a 360 quilômetros de Manaus. Gleisciane vivia com a família e tinha um sonho: ser Miss Amazonas. Ela chegou a participar de concursos do Miss Coari nos anos de 1990.
A simpatia dela era muito grande. Ela conseguia interagir com o público. Era uma jovem que vivia rindo, sempre feliz da vida (Archipo Góes, promotor de eventos)
A modelo virou empreendedora. Chegou a ter lojas em Manaus, mas começou a lutar contra as drogas. Sem sucesso na terapia, a irmã veio com ela para São Paulo. Gleisciane foi internada em uma clínica municipal para dependência química, mas quis sair dois dias depois, e os funcionários não avisaram a família. Na recaída, parou na Cracolândia.
A comerciante estava desaparecida há 48 dias. A localização só foi possível porque a família tinha registrado um boletim de ocorrência com a foto dela.
Uma das câmeras de reconhecimento facial instaladas pela prefeitura capturou uma imagem dela, comparada com a que estava no banco de dados. Ao identificar a mulher, a central avisou a Guarda Metropolitana. Após isso, a mulher foi localizada.
Em oito meses, as câmeras inteligentes ajudaram a encontrar 21 pessoas desaparecidas e sete foragidos da justiça. O serviço também auxiliou na prisão de cerca de mil pessoas.
Agora, a família de Gleisciane espera um tratamento mais adequado para a ex-modelo.