Jornal da Band

Mulher é vítima de cirurgia plástica anunciada nas redes sociais: 'Saí mutilada'

Venda de cirurgia na internet com intermediários é prática proibida. Alguns procedimentos são vendidos sem avaliação médica, como mostrou o Jornal da Band

Olívia Freitas, Norah Lapertosa e Gabriela Pincinato

O Jornal da Band mostrou na semana passada como as redes sociais estão sendo usadas para divulgar a prática inescrupulosa da medicina. Em especial, a oferta sem nenhum controle de cirurgias plásticas. As cirurgias envolvem riscos, que não são alertados pelos perfis que vendem procedimentos como se fossem produtos em prateleiras.

A administradora de empresa Viviane Calian tinha o sonho de ter o corpo ideal. “Eu sempre fui quadrada, eu queria ter cintura”, fiz. Ela decidiu fazer uma lipoaspiração seduzida pelas fotos de antes e depois que viu na internet no perfil de um médico. 

A cirurgia envolve riscos, mas eles não aparecem nas imagens que vendem procedimentos como produtos em prateleiras. A prática, considerada falsa promessa de resultado, é proibida aos médicos.

A cirurgia de Viviane teve sérias complicações. 

“Eu tive 70% da minha barriga necrosada. Entrei para ficar bonita e saí mutilada”.

Viviane disse ainda que o médico não apareceu para dar alta. “A enfermeira do hospital entrou e disse que precisava me dar alta. Eu perguntei se o médico não iria me dar alta. Ela respondeu que 'não, a sua alta está na minha mão, e me mostrou que o médico no dia anterior já tinha deixado a minha alta médica”. 

Para driblar a regra, perfis prometendo procedimentos cirúrgicos se multiplicam. São empresas intermediadoras, o que também é proibido, mas atual livremente nas redes, como mostrou o Jornal da Band. Algumas cirurgias são vendidas sem avaliação médica. 

Alexandre Kataoka, diretor do departamento de defesa profissional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), destaca. “Deixou de ser medicina e se tornou uma venda”.

“Para você ter ideia, uma boa parcela dos pacientes que passam por cirurgião plástico não tem indicação para cirurgia. Eles buscam a mídia e acham que pra vc é a mesma coisa. tem que ter avaliação e consulta. Em muitos casos dos pacientes vão a óbito por não passarem por alguma avaliação e só conhecer o médico na hora da cirurgia.”

Dois milhões de cirurgias

O Brasil é o segundo país do mundo em número de cirurgias plásticas. São dois milhões de procedimentos por ano. Só perde para os Estados Unidos. Muitos destes casos têm ido parar na justiça por denúncia de erro médico. Em 40% deles os profissionais não têm especialização para realizar os procedimentos.  

O médico Herbert Gauss que aparece na reportagem não tem especialidade em cirurgia plástica e é réu em dezenas de processos. Ele chegou a ter o registro profissional cassado, mas voltou a atuar por decisão da Justiça. Procurado, não retornou o contato da Band. A divisão de Saúde Pública da Polícia Civil investiga o perfil por propaganda enganosa.  

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