Moradores de SP protestam após quase 72 horas de apagão: ‘Isso tem que acabar’

Em apenas uma lanchonete da Zona Sul de São Paulo, o prejuízo já chega a R$ 10 mil com produtos descongelando

Por Cesar Cavalcante

As cenas de destruição na rua ajudam a contar um pouco o drama que milhares de paulistanos estão vivendo dentro de casa. Na frente de um conjunto habitacional em que vivem 140 famílias, na Zona Sul de São Paulo, um protesto interditou a rua. Todos estão sem luz e água. 

“A gente paga as nossas contas em dia, o imposto é um absurdo e isso não é justo, isso tem que acabar”, declarou a subsíndica do conjunto, Ana Lins. 

Na casa de duas irmãs idosas, dona Damiana, de 75 anos, e dona Maria do Livramento, de 68, parece que passou um furacão. Uma árvore de grande porte destruiu parte do muro, levou o poste, deixou fios caídos, e o quintal ficou parecendo uma floresta. 

Ao ser questionada se alguma autoridade foi até o local, dona Damiana declarou que “não apareceu ninguém”. As duas também estão sem água, porque a falta de energia elétrica prejudica o funcionamento das estações de abastecimento. 

Comerciantes que não podem abrir as lojas, revoltados, fecharam uma avenida na região. “Tudo estragando, floricultura, casa de salgado, tudo jogando fora, daqui a pouco vamos começar a jogar tudo fora aqui, tudo que tá estragado nas lojas, vamos colocar para fora”, afirmou o dono de floricultura Alessandro Silva. 

Em uma lanchonete da região, o prejuízo já chega a R$ 10 mil com produtos descongelando. A árvore caiu na rede elétrica na sexta e não há luz por lá desde então.

"Quando é para vir a conta de luz, vem no dia, não passa um mês sem vir, e a gente pega e paga. E quando a gente precisa que resolva o problema, é essa dificuldade, esse problema”, desabafou o comerciante Vanilson Silva. 

A situação é ainda mais difícil para quem tem familiares com necessidade especiais em casa. Bruna Soares está tendo que fazer uma peregrinação para manter o filho vivo. Gabriel tem 13 anos e convive com paralisia cerebral. Ela já ligou várias vezes para a Enel e não obteve resposta.

“A gente tem que ficar correndo de uma casa em outra, de um local no outro para tentar carregar os no-breaks, porque os aparelhos ventilatórios são 24h, se descarregar, eu tenho que correr para o hospital. Então, eu prefiro ficar correndo na casa de um vizinho, num posto, onde tiver energia eu peço para poder carregar”, pontuou Bruna Soares. 

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