Ministério Público investiga se congolês morto era vítima de trabalho escravo

Três agressores que espancaram o congolês estão presos de forma temporária. Mais de 10 pessoas foram ouvidas na investigação

Fernando David

O Ministério Público abriu inquérito para investigar se Moïse Kabagambe, morto no dia 24 de janeiro, trabalhava em condições análogas à escravidão no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Os três agressores que espancaram o congolês estão presos de forma temporária. Mais de 10 pessoas foram ouvidas na investigação. Entre elas, os donos dos quiosques onde Moïse trabalhou.

Uma testemunha contou à polícia que chegou a pedir ajuda a dois guardas municipais. Mas os agentes teriam se negado a interromper a sessão de espancamento. A polícia ainda tenta esclarecer qual foi a motivação do crime.

Os agressores disseram que Moïse estava agressivo e inconveniente. Já a família alega que o crime aconteceu porque o africano foi cobrar uma dívida de R$ 200.

Relembre o caso

Um crime bárbaro ocorrido na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, chocou o Brasil e o mundo nas últimas semanas. Na noite de 24 de janeiro, uma segunda-feira, o refugiado congolês Moïse Kabagambe foi encontrado sem vida, com mãos e pés amarrados e sinais de espancamento próximo de um quiosque onde trabalhava. 

Quem era a vítima?

Moïse Kabagambe, de 24 anos, fugiu da guerra civil e da fome na República Democrática do Congo, na África, e veio para o Brasil em 2014 tentar começar uma nova vida com a mãe e os irmãos. 

Como foi o crime?

Segundo o depoimento de familiares e amigos, Moïse saiu de casa dizendo que iria até o quiosque Tropicália, próximo ao Posto 8, na praia da Barra da Tijuca, para cobrar R$ 200 pagamentos atrasados de duas diárias. O jovem também costumava dizer que estava cansado de “brincadeiras” que eram feitas com ele no serviço. 

As câmeras de segurança do próprio quiosque mostram um grupo de ao menos cinco pessoas atacando Moïse com socos, chutes e pedaços de madeira. Em determinado momento, ele foi imobilizado. Ainda assim, seguiu sendo agredido por mais cinco minutos, aproximadamente.

Após perceberem que a vítima estava imóvel, alguns dos envolvidos na agressão tentaram reanimá-lo com uma massagem cardíaca. Depois, fugiram do local de carro.

O corpo do congolês foi encontrado à noite. Ele morreu de traumatismo do tórax, com lesão pulmonar.

O porrete usado pelo grupo foi encontrado em uma área de mata perto do quiosque.

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