Entrar em minas de ouro do estado de Minas Gerais significa conhecer diversas lendas e mistérios que surgiram no Brasil pouco antes da Independência. Na série “200 anos da Independência”, sobre a Conjuração Mineira, essas histórias foram resgatadas.
Na antiga Vila Rica, no bairro São Cristóvão, existem 46 minas cadastradas. Foi nestes locais que os africanos ensinaram os brasileiros a buscar ouro, que depois se tornou tão importante para as histórias de Brasil e Portugal.
“Eles procuravam primeiro o ‘veio’ de quartzo, um mineral branco. O ouro aqui dentro vai estar mais relacionado a esses veio de quartzo. Achou quartzo aqui dentro, pode ter muito mais ouro do que minério de ferro. Então achava esse material aqui dentro, levava pra fora, triturava, fazia virar um pó e, só assim com esse processo de apuração, é que se vai descobrir se tem ouro realmente”, explica Helbert Gomes de Sales, condutor turístico.
Vídeo: Conjuração Mineira, um capítulo fundamental da história do Brasil
Lendas
As minas ficaram sem ouro, mas ganharam lendas. Muita gente diz que por esses túneis existem fantasmas. Falam até que a cabeça de Tiradentes, que sumiu, está em um desses subterrâneos.
Angela, pesquisadora dessas lendas, destaca a história da mãe do ouro. “Todo mundo fala. É uma luz, da cor do ouro, dourada, que brilha ou na montanha ou perto de algum curso d’água, mas sempre mostrando para alguém que ela escolhe onde está o ouro. Se você não é escolhido, vai cair ou vai ser picado por cobra”.
Mistérios
Até hoje historiadores tentam descobrir quem saiu para avisar aos revoltosos que tropas estavam chegando para prendê-los, antes deles fazerem a Conjuração Mineira. Era um dia de neblina forte. E o homem estava com capuz cobrindo inclusive a boca. Ficou conhecido como o “Embuçado”.
Ele conseguiu avisar aos principais líderes da Conjuração Mineira, mas errou as portas em alguns momentos. Depois sumiu e nunca mais se ouviu falar do “Embuçado”.
Outro mistério envolve Cláudio Manoel da Costa, o poeta da Conjuração. Quando foi preso, ficou em um edifício suntuoso em Vila Rica. Ele foi encontrado morto na cela onde estava preso.
Inicialmente disseram que ele tinha se enforcado. Anos mais tarde, um dos médicos que examinaram o corpo do poeta disse que o laudo daquela época era outro: Cláudio tinha sido assassinado. Mas o laudo foi mudado a mando do governador, Visconde de Barbacena.
“Era mais fácil dar como suicídio do que como assassinato. O cláudio sabia muita coisa, ele foi juiz, foi vereador, ele foi secretário de governo por longa data... eu costumo dizer que ele foi suicidado”, conta Maria Agripina Neves, historiadora.
Essas histórias continuam como mistérios desta cidade mineira, que guarda tantos e tantos tesouros da história brasileira.