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Como a Rússia vive crescimento econômico mesmo em guerra com a Ucrânia?

Apesar das sanções aplicadas pelo Ocidente, economia russa se fortalece e tem uma das menores taxas de desemprego no mundo

Por Sonia Blota

Rumo aos três anos de guerra com a Ucrânia, o cenário para a Rússia é a falta de perspectiva de um acordo de paz. O Ocidente até pensou que a longo prazo, o país iria sucumbir, tentou muito, com uma onda de sanções para enfraquecer o Kremlin. Seja congelar 16 mil ativos russos, seja excluir o país do sistema financeiro global e até deixar de importar de Moscou.

Mas agora a situação é outra: a Rússia segue em normalidade, longe do que acontece no front de batalha. A capital, Moscou, está longe da fronteira ucraniana e a capital cultural, São Petersburgo, fica no extremo norte. A vida segue normal, com ruas movimentadas, comércios cheios e bem abastecidos. 

Para o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, as sanções deram uma oportunidade aos russos. "As sanções do Ocidente tinham a pretensão de paralisar a economia russa, mas para eles, quis dizer uma oportunidade", pontua. 

O continente europeu pode perder muito com a briga. A reação Ocidental joga a Rússia nos braços da China. O petróleo feito na Rússia saiu da Europa para a China e Índia. Gás e grãos também ganharam o mercado asiático. 

Em troca, os russos lotaram os shopping centers de produtos e tecnologias chinesas. A balança comercial dos dois países atingiu um recorde: US$ 240 bilhões no ano passado, ajudando a economia a crescer mais que qualquer país no Ocidente. A previsão de crescimento neste ano é de 3,5% e, para isso, tem buscado parcerias e novas oportunidades dentro de um novo modelo de negócios. 

Guerra passou de gasto para investimento

As fábricas de armamentos trabalham dia e noite e cada vez mais os russos são empregados no setor da defesa, com salários competitivos. Só em 2024, o exército russo contratou 190 mil militares por contratos, os novos mercenários. Inclusive agora, para conter a ofensiva da Ucrânia, os salários são de R$ 22 mil. 

O país tem homens de sobra para a guerra, cenário diferente da Ucrânia, que sofre com a escassez de soldados. O crescimento do exército ajuda também a diminuir a taxa de desemprego, que hoje é uma das menores do mundo, de 2,7%. É mais dinheiro para o país e garantia de boa avaliação do governo: oito em cada 10 russos apoiam Vladimir Putin. 

Para o presidente, que está no quinto mandato, o xadrez geopolítico é coisa séria, como indica o professor da ESPM. "Quando a gente pensa sobre Rússia, a gente tem que sempre lembrar o aviso de Winston Churchill: o Ocidente não conhece a Rússia, eles são um império de mais de mil anos, vá devagar", pontua. 

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