Mensagens indicam negociação para venda de sentenças no MS, diz PF

Investigação aponta que advogado pagou de propina R$ 15 mil para desembargador do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul

Da redação

Mensagens indicam negociação para venda de sentenças no MS, diz PF
Mensagens indicam venda de sentenças no Mato Grosso do Sul
Reprodução/Jornal da Band

Uma investigação policial desvendou um esquema de corrupção que envolve desembargadores, servidores do Judiciário, empresários e advogados, alguns deles filhos dos magistrados.

O Jornal da Band teve acesso a novos diálogos que escascaram as negociatas. Num deles, um dos suspeitos, o advogado André Félix Jayme, pediu ao amigo Paulo Fenner para não atrasar um depósito para outro magistrado, chamado de "Gordo”. 

Dia, meu amigo Paulo. Que horas você vai depositar o do ‘Gordo’? Ele já tá me ligando. Não fura hoje, não (mensagem do advogado André Félix)

A Polícia Federal (PF) diz que o advogado usou a palavra “Gordo” para se referir a Marcos José de Brito, um dos desembargadores afastados do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS).

Na sequência, Paulo diz que depositou o dinheiro, e André comentou, fingindo que negociava gado: “Ficou macio. Lembrei ele que é nove arrobas cada e que passou de dez cabeças. Ele tava achando que dava 1500 por vaca kkk".

Propina de R$ 15 mil

A investigação aponta que o advogado pagou de propina R$ 15 mil para o desembargador, um valor acima do combinado.

Em outra troca de mensagens, um empresário de Campo Grande pede que o desembargador Marcos José de Brito "olhe com carinho" um processo do filho. Cinco dias depois, o empresário tenta marcar um café, mas não recebe resposta.

O caso foi transferido para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde será relatado pelo ministro Cristiano Zanin.

Outros casos

Venda de sentenças e ligações suspeitas entre magistrados e advogados não são exclusivas do Mato Grosso do Sul. Outras regiões já foram alvos de escândalos parecidos.

Um deles atingiu o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), onde o desembargador Ivo de Almeida foi afastado por um ano, mas continua recebendo salário. Em julho, cinco magistrados do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) tiveram a mesma punição, com salários mantidos.

Na Bahia, investigações sobre a venda de sentenças favoreceram grilagem de terras, em um esquema de 360 mil hectares que movimentou bilhões de reais.

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