Uma força-tarefa do Ministério Público de São Paulo investiga se houve crime de homicídio nas mortes de pacientes que receberam tratamentos ineficazes contra a Covid-19.
O pai de Ana Virgínia Miranda foi um dos pacientes da Prevent Senior que receberam o “kit covid” em casa, antes mesmo de fazer o exame para confirmar a contaminação pela doença.
“Não assinamos nada, não recebemos nada. Só diz que vai chegar um motoboy, começa o tratamento”, relembra.
Ele morreu depois de 10 dias internado. Os remédios, entre eles cloroquina e ivermectina, não surtiram efeito. Pelo contrário. O paciente foi piorando até morrer no décimo dia da medicação.
“A gente vai na confiança, né? Ainda fiz a minha mãe tomar”, se emociona Ana.
A Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo criou uma força-tarefa para apurar se houve crime de homicídio por parte da Prevent. Mario Sarrubbo determinou atenção total à investigação.
“O que nós queremos, na verdade, é saber em que circunstâncias essas experiências foram feitas. Vamos investigar em que circunstâncias aconteceram as mortes, se houve ou não homicídio”, explicou o procurador-geral de Justiça de SP.
Dossiê aponta ocultação de informações sobre “tratamento preventivo”
A reportagem da Band teve acesso ao dossiê feito por médicos que acusam a operadora de obrigá-los a usar nos pacientes drogas comprovadamente ineficazes contra o coronavírus e ainda juntar dados para um estudo sobre o kit covid.
Mensagens enviadas via WhatsApp por diretores da empresa orientavam os profissionais a ''não informar pacientes e familiares sobre a medicação". Por meio de áudio, o diretor da Prevent que coordenou o estudo, o cardiologista Rodrigo Esper, dizia aos funcionários que os dados deveriam ser "assertivos", para não haver contestação sobre a eficácia (ouça no vídeo acima).
“A gente está revisando todos os 636 pacientes do estudo. Esses dados vão mudar a trajetória da medicina nos próximos meses aí no mundo. Esse áudio tem que ficar aqui, não pode sair”, disse o médico no áudio.
“Acredito que meu pai foi uma bela de uma cobaia”, acusa Ana Virgínia.