Mauro Cid sabia do plano de assassinato de Lula, diz investigação

Na delação premiada fechada com a Justiça, o militar assumiu o compromisso de não omitir fatos

Túlio Amâncio

A investigação da Polícia Federal sobre o plano de militares para matar o presidente Lula depois da eleição de 2022 teve origem nos arquivos de Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi ouvido nesta terça-feira (19).

Uma cópia do plano de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, que recebeu o nome de “Punhal Verde e Amarelo”, estava em um dos notebooks de Mauro Cid. Segundo a investigação, o militar sabia do plano de golpe de estado e de assassinato de autoridades. 

Pouco depois das 14g, Cid chegou à sede de PF, em Brasília, no carro do advogado, para prestar mais um depoimento. Ele foi questionado por que não revelou o plano em um dos mais de 10 depoimentos à Polícia Federal. 

A PF sabe que, no dia 6 de dezembro de 2022, Cid e um dos alvos da operação de hoje, o general Mário Fernandes – então número 2 da Secretaria Geral da Presidência -, estavam no Palácio do Planalto e usaram uma impressora do prédio para imprimir esse documento, com as diretrizes do plano. Bolsonaro também estava no Planalto neste dia. 

Mauro Cid reafirmou à PF que, no dia 12 de dezembro de 2023, estava na casa do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Bolsonaro e candidato à vice-presidente em 2022. 

Segundo a investigação, foi nesta reunião que os militares concluíram o plano de logística do ataque a Lula, Alckmin e Moraes. Sendo assim, os investigadores apontam que o grupo planejou assassinar Alexandre de Moraes no dia 15 de dezembro. 

Um dia antes, Cid trocou mensagens com o Major Rafael Martins de Oliveira, apelidado como “Joe”, que diz: “alguma novidade?”. Mauro Cid responde: “eu que pergunto”. Joe, então, rebate: “vibração máxima! Recurso zero!!!”. Na sequência, Cid pergunta: “Qual a estimativa de gastos? Falei para deixar comigo... só uma estimativa de hotel. Alimentação. Material. 100 mil?”. O Major Rafael Martins de Oliveira diz: “Ok!! Em torno disso. Vou te mandar”. 

Mauro Cid está em prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. Na delação premiada fechada com a Justiça, o militar assumiu o compromisso de não omitir fatos. Por isso, a PF pediu a anulação do acordo. 

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