Mauro Cid prestará depoimento para Moraes após PF apontar contradições em delação

O ministro cobrará explicações do ex-assessor de Jair Bolsonaro

Por Caiã Messina

Mauro Cid e Alexandre de Moraes vão ficar frente a frente nesta quinta-feira (20), no Supremo Tribunal Federal. O ministro vai cobrar explicações do ex-assessor de Bolsonaro, que corre o risco de voltar para a cadeia. Para a Polícia Federal, Cid escondeu informações sobre um plano de golpe de Estado, que previa matar Lula, Alckmin e Moraes.

O trabalho aqui, no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, foi apontado pelos delegados como "decisivo" para descobrir os detalhes da trama montada, de acordo com a polícia federal, para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.

Ao mesmo tempo em que os suspeitos eram ouvidos, os peritos cruzavam os depoimentos com informações dos celulares. Como milhares de dados foram apagados, a PF recorreu ao Cellebrite Premium, um software israelense capaz de recuperar tudo o que foi apagado. Isso ajudou a polícia a descobrir onde estavam posicionadas as pessoas que, de acordo com a investigação, planejaram prender ilegalmente o ministro do STF no dia 15 de dezembro de 2022.

O tenente coronel Rafael de Oliveira, preso nesta terça-feira (18), por exemplo, segundo a investigação da Polícia Federal, chegou a pesquisar as entradas e saídas da residência oficial de Alexandre de Moraes e percorreu esses locais. Também segundo o inquérito, ele falsificou uma carteira de motorista para conseguir uma linha de celular, mas foi descoberto pelos peritos a partir da impressão digital do dedo que segurou o documento.

Mauro Cid, ex ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, é figura central na investigação, segundo a PF. Diante das informações encontradas no celular dele - e que não foram confirmadas nos depoimentos - a expectativa da Polícia Federal é de que o ministro Moraes revogue a delação premiada e o militar volte para a cadeia. 

Normalmente, depoimentos do tipo são feitos com juízes auxiliares. Para a defesa de Cid, não há motivos para que ele seja preso novamente. Outro suspeito considerado "importante" pelos delegados é o general da reserva Mário Fernandes, que foi preso nesta terça ao lado de outros três militares da tropa de elite do exército e um agente da PF. O material recuperado de computadores e do celular dele mostram, de acordo com os investigadores, "o radicalismo" do militar e do grupo.

Em uma conversa com Cid em 8 de dezembro de 2022, ele faz ataques à lula, então presidente eleito. Diz que não pode perder a oportunidade antes da diplomação do vagabundo, qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro, antes da posse presidencial. E cita a passagem de comando das forças armadas, que ocorreu no fim do ano. "20, 20 e poucos, e aí, já vão passar o comando para aqueles que já estão sendo indicados para o eventual governo do presidiário. E aí tudo fica mais difícil, cara, para qualquer ação.”

A promessa da PF é finalizar o inquérito do 8 de janeiro nesta semana. São quase 800 páginas que serão entregues para o relator do caso no STF, o ministro Alexandre de Moraes.

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