Materiais industriais reaproveitáveis viram asfalto e beneficiam cidades do ES

No último episódio da série "Caminhos Sustentáveis", a reportagem do Jornal da Band mostra como é feito o reaproveitamento de materiais na indústria

Da redação

Latinhas de alumínio, embalagens de plástico, garrafas de vidro... Todos esses são itens reaproveitáveis. Mas, para isso ocorrer, temos que fazer a nossa parte enquanto indivíduos, bem como o poder público, no que diz respeito à coleta seletiva. Longe dos nossos olhos, no coração das indústrias, muita coisa que acontece é fundamental para esse ciclo de reciclagem.

Durante a fabricação de um produto, muita matéria-prima sobra ao longo do processo. Para evitar o descarte em aterros, as indústrias tentam aproveitar esse material. É o que a reportagem do Jornal da Band constatou numa empresa em resíduos da produção voltarão para o mercado com uma nova função.

“A gente está deixando de extrair ou está minimizando a extração de um recurso natural não renovável, e utilizando um material gerado na produção do aço”, disse Leila Kauffmann, gerente de coprodutos da fábrica visitada pela nossa reportagem.

Prefeituras beneficiadas

Para incentivar o uso dos resíduos recicláveis, a maior indústria de aço do país doa uma mistura de agregados siderúrgicos para prefeituras do interior do Espírito Santo.

“Esse material é cedido sem custo para o poder público. A gente dá orientação, dá o treinamento, faz o projeto para a prefeitura e faz o acompanhamento da aplicação”, pontuou João Bosco Reis da Silva, gerente geral de sustentabilidade e relações institucionais da siderúrgica.

Na pequena cidade de Muniz Freire, a população começou a dar adeus às estradas de terra. O revestimento sustentável será aplicado em 50 quilômetros de vias dentro do município.

“[O revestimento sustentável] veio a beneficiar todos os produtores com o escoamento da sua produção, uma escola que temos, que passamos com transporte escolar”, comemorou o prefeito Dito Silva.

Economia circular na cadeia do aço

Outro exemplo de economia circular é a própria cadeia do aço, um metal que pode ser reciclado várias vezes. Num pátio da empresa, as carcaças de carros e ônibus velhos serão derretidas e darão origem a barras de aço novinhas.

“Nós temos, hoje, 20 unidades de captação de sucata espalhadas por todo o Brasil. A ideia é avançar essa estrutura, com novas unidades, para a gente poder aumentar fortemente o percentual de sucata que a gente usa atualmente”, explicou Bernardo Rosenthal, diretor de Compras e Metálicos.

Brasil no rumo certo

No Brasil, três em cada quatro indústrias adotam medidas relacionadas à economia circular, como redução de desperdício, reaproveitamento de materiais e aumento da vida útil do produto. O dado é da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Olha que tem espaço para melhorar! Um dos desafios é criar produtos manufaturados que possam facilitar a reutilização no futuro.

“Hoje, tem que trabalhar a economia circular no momento de concepção do projeto. Os nossos projetos devem ser feitos não somente para durar mais, para que você goste mais desse produto, para que ele seja melhor manufaturável. Eles também devem ser concebidos para que, ao final do ciclo, eles possam com mais facilidade retornar para o início da produção”, salientou Jefferson Gomes, diretor de inovação da CNI.

1,4 mil cidades sem coleta seletiva

Outra necessidade é ampliar a captação. Quase 1,4 mil cidades brasileiras ainda não implementaram a coleta seletiva, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). E não adianta apenas recolher. Os recicláveis precisam voltar para o mercado.

Atualmente, no Brasil, de todos os resíduos sólidos com potencial de reciclagem, apenas 4% retornam de fato a circular, indica a Abrelpe.

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