Atualmente respirar o ar de São Paulo por um dia é como fumar cerca de quatro cigarros. A causa? A poluição dos carros e indústrias misturada com a fuligem dos incêndios florestais, como explica o professor de medicina Paulo Saldiva.
"A composição é muito similar ao cigarro, só que o cigarro você acende e apaga. Uma dose alta, mas você fica entre um cigarro e outro zerado. Agora não, você tá fumando 24 horas por dia, um pouquinho. Então você tá fumando sem ter escolha", afirma.
Com isso, o risco para a saúde aumenta, principalmente entre crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. Para evitar os efeitos do tempo seco e fumaça para a saúde respiratória, é preciso tomar certos cuidados. Um deles vem do tempo da pandemia de Covid-19: o uso de máscaras.
Para evitar que as partículas de fumaça entrem dentro dos pulmões, é recomendável usar máscaras N95 ou PFF2, para as finas partículas serem filtradas e, assim, proteja a saúde.
Além disso, um estudo brasileiro sobre planos de ação para poluição crítica aponta outras medidas, como reduzir a circulação de carros, diminuir atividades ao ar livre e interromper atividades industriais muito poluentes de forma temporária.
O Ministério da Saúde, por sua vez, anunciou nesta quarta-feira (11) que uma das estratégias tomadas será a instalação de tendas de hidratação e nebulização. "Tivemos essa experiência durante a epidemia de dengue esse ano, em muitos municípios as próprias unidades básicas de saúde foram adaptadas para essas tendas de hidratação", informou a ministra Nísia Trindade.
Especialistas em mudanças climáticas alertam que a situação é muito mais grave do que se previa. "Esses incêndios e o excesso de seca e calor tá colocando a maioria dos biomas brasileiros em risco. Nós temos, podemos restaurar a Mata Atlântica, o Cerrado, a Amazônia e ser o país com o maior projeto de restauração florestal tropical do mundo e contribuir muito para combater essa super emergência climática", indica o climatologista Carlos Nobre.