Marielle: delação indica que PM morto em 2021 seria o elo entre Lessa e mandante

Élcio Queiroz disse à PF que o sargento da PM Edmilson Macalé, morto em 2021, teria feito o elo de Ronnie Lessa com o mandante da morte de Marielle

Da redação

Marielle Franco foi executada em março de 2018
Reprodução/Bernardo Guerreiro

O dia foi marcado pela divulgação da delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz, suspeito de participação na morte da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018.

Na delação, Élcio Queiroz disse ao delegado da PF que o sargento da PM Edmilson Macalé, morto em 2021, teria feito o elo de Ronnie Lessa, acusado de fazer os disparos, com o mandante da morte de Marielle.

“Esteve presente em todas. Inclusive, foi através do Edmilson que trouxe, vamos dizer, esse trabalho para eles. Essa missão para eles foi através do Macalé, que chegou até o Ronnie”, disse Élcio na delação.

Operação da PF

Nesta segunda-feira (24), a Polícia Federal (PF) prendeu Maxwell Simões Correa, que teria vigiado os passos da política para repassar as informações para o militar Ronnie Lessa, acusado da execução.

Dois investigados foram conduzidos para prestarem esclarecimentos. Um deles é Denis Lessa, irmão de Ronnie Lessa. Outro alvo da ação é um PM da ativa, acusado de vazar operações policiais aos criminosos.

O delegado também perguntou se Élcio sabia que participaria do assassinato de Marielle quando encontrou Ronnie, em março de 2018.

Sabia [que participaria do assassinato de Marielle], mas ele [Ronnie Lessa] não falou com essas palavras de executar e tal. Só falou que era um trabalho (Élcio Queiroz)

O ex-pm afirmou que depois do duplo assassinato, foi com Ronnie até um bar, na Barra da Tijuca, onde Maxwell estava. No encontro, Élcio teria ouvido de do preso de hoje:

Pô, cara! Fiz um tempão. Estava um tempão nessa situação e deu problema no carro (Élcio Queiroz ao se referir à fala de Suel)

Plano desde 2017

Os investigadores nunca encontraram a arma usada no crime. Na delação, Élcio revelou que o armamento foi desviado do Batalhão de Operações Especiais da PM do Rio de Janeiro (Bope) depois de um incêndio. Quando questionado pelo delegado, o delator conta a versão de Ronnie sobre o destino da submetralhadora que matou Marielle e Anderson.

Eu não acredito, mas ele falou que serrou ela todinha, pegou a embarcação na Barra da Tijuca, foi numa parte mais funda ... e jogou ali (Élcio Queiroz)

Élcio também confessou que, no dia seguinte ao crime, o carro usado no assassinato foi levado até a zona Norte do Rio para ser desmanchado por Edmilson Barbosa dos Santos, conhecido como “Orelha”, alvo da operação desta segunda.

Cronologia do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes

  • 14 de março de 2018: Marielle Franco e Anderson Gomes são assassinados;
  • 15 de março de 2018: Giniton Lages assume a Delegacia de Homicídios do Rio e o caso;
  • 21 de março de 2018: O MPRJ escolhe um grupo de promotores para a apuração do crime;
  • 01 de setembro de 2018: Entra no caso o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ). Acontece a primeira troca de promotores do MPRJ;
  • 25 de setembro de 2018: Orlando Curicica, encarcerado no Presídio Federal de Mossoró por crimes ligados à milícia, menciona o ‘Escritório do Crime’ para os investigadores. Uma testemunha cita o vereador Marcello Siciliano por suposto envolvimento na morte de Marielle. Siciliano foi preso, mas o envolvimento dele foi descartado depois;
  • 11 de outubro de 2018: Investigações do MPRJ identificam biotipo do executor do crime e rastreiam novos locais por onde circulou o carro usado no crime;
  • 11 de março de 2019: A primeira fase de investigações é encerrada. Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são denunciados por homicídio doloso;
  • 12 de março de 2019: Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa são presos no Rio de Janeiro;
  • 25 de março de 2019: Giniton Lages é substituído por Daniel Rosa na Delegacia de Homicídios do Rio;
  • 23 de maio de 2019: Polícia Federal aponta que foram dados depoimentos falsos para dificultar a solução dos homicídios;
  • 11 de setembro de 2019: A então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pede a federalização das investigações;
  • 10 de março de 2020: Justiça do Rio determina que Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz sejam levados a júri popular;
  • 27 de maio de 2020: Superior Tribunal de Justiça (STJ) nega a federalização das investigações;
  • 17 de setembro de 2020: Delegado Daniel Rosa deixa o caso. Moisés Santana assume o lugar dele;
  • 05 de julho de 2021: Terceira troca na Delegacia de Homicídios: sai Moisés Santana, entra Edson Henrique Damasceno;
  • 02 de fevereiro de 2022: Quarta troca: Edson Henrique Damasceno é substituído por Alexandre Herdy;
  • 30 de agosto de 2022: Supremo Tribunal Federal (STF) nega recursos das defesas de Ronnie Lessa e Élcio Vieira, e mantém decisão sobre júri popular;
  • 22 de fevereiro de 2023: O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anuncia abertura de inquérito da Polícia Federal para investigar assassinatos;
  • 04 de março de 2023: MP do Rio define novos promotores do caso Marielle Franco;
  • 10 de julho de 2023: Élcio Queiroz faz delação premiada sobre assassinatos de Marielle e Anderson Gomes;
  • 24 de julho de 2023: Operação Élquis prende envolvidos na morte de Marielle Franco.

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