Áreas como a dos Cânions de Capitólio exigem um mapeamento de risco geológico para evitar tragédias como a que matou 10 pessoas, quando parte de um paredão desmoronou sobre várias lanchas.
O acidente aconteceu na encosta de um terreno que atualmente é ocupado por uma empresa que vai construir no local um hotel e três parques.
Na área, que tem cerca de 125 hectares, fica o mirante dos cânions, considerado o principal cartão postal de Capitólio. Há dois anos, não havia controle de acesso de público, o que causava degradação e insegurança.
Em estudo feito pela engenheira ambienta Mayumi Kurimori na região, ela aponta a falta de estrutura para receber turistas e atividades recreativas.
“O que aconteceu em Capitólio realmente foi um turismo predatório, em que o boom aconteceu de uma forma inesperada. Então, faltou muita profissionalização, muita capacitação”, avaliou.
A profissionalização do local começou com o empreendimento, que prevê investir na primeira fase R$ 135 milhões gerando 1.200 empregos. No local, já foram construídos mirantes com estruturas metálica, um circuito de tirolesa que atravessa os cânions e uma passarela de cerca de 100 metros de extensão e atividades de rapel. A rocha que se desprendeu está no limite dessa área. Próxima dela, há outra rachadura que foi divulgada por um turista em 2012.
Para especialistas, as lanchas jamais deveriam se aproximar tanto dos paredões rochosos.
Capitólio tem cerca de 10 mil habitantes, mas nos feriados, o número de pessoas é multiplicado por cinco. Quase 20% das empresas locais são ligadas ao turismo. As atividades no Lago de Furnas e a visitação dos cânions garantem renda e emprego não só para a cidade, mas para os 34 municípios da região.
Explorar o turismo no maior lago artificial do mundo, com segurança e sustentabilidade, é garantir emprego e renda para muitas famílias. O problema é que a região foi pega desprevenida há cerca de cinco anos.
O Brasil já viu uma tragédia semelhante à de Capitólio em 2020. Um casal e um bebê morreram soterrados após o desabamento de parte de uma falésia na Praia de Pipa, um dos principais destinos turísticos do Rio Grande do Norte.
Para especialistas, episódios como Capitólio e Pipa mostram a falta de gerenciamento de riscos.