A CPI da Pandemia abre os trabalhos com os depoimentos dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich nesta terça-feira. Os ex-ministros se reuniram com assessores e preparam documentos para levar à comissão.
"Queremos saber se eles tiveram liberdade pra implementar todas as suas decisões, se eles concordam ou concordavam com os posicionamentos do presidente Jair Bolsonaro na indicação de medicamentos ineficazes, e em relação à vacinas", diz o senador Humberto Costa (PT/PE).
Mandetta ainda é uma incógnita para articuladores políticos do Planalto. Ao ser demitido, ainda em abril do ano passado, chegou a definir Bolsonaro como humanista, mas de lá pra cá as declarações têm sido mais duras. Na visão de assessores presidenciais, o ex-ministro se colocou na corrida para a sucessão de Bolsonaro.
A defesa do presidente por remédios sem eficácia comprovada contra a Covid vai ser debatida, tanto com Mandetta quanto com Nelson Teich.
Já Eduardo Pazuello é a grande preocupação do governo. O general está sendo treinado há 10 dias pela Casa Civil e Secretaria-Geral da Presidência para eventuais "saias justas" com senadores durante o depoimento. A intenção é dividir responsabilidades.
O ex-ministro deve dizer que o Supremo deu aos governadores e prefeitos boa parte da gestão da crise sanitária e que o número de mortes explodiu porque os hospitais de campanha, por exemplo, foram desmontados.
Sobre vacinas, Pazuello pretende ressaltar que não era possível fechar contratos sem a aprovação pelo Congresso de um projeto que deu segurança jurídica ao governo em caso de efeitos adversos.
"Erros aconteceram, mas não erros como muitas pessoas da oposição querem colocar. O que pôde ser feito de melhor foi feito", diz o senador Ciro Nogueira (PP-PI).
A CPI ainda não recebeu informações que pediu da gestão dos ex-ministros, por isso a expectativa é que Pazuello, por exemplo, seja ouvido de novo no futuro.