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Mais aberta a imigrantes, Alemanha tem 4ª maior comunidade brasileira na Europa

Imigração alemã para o Brasil completa 200 anos em movimento contrário: agora quem abre as portas para estrangeiros são eles

Por Filipe Peixoto

Pelo menos 11 milhões de pessoas que moram na Alemanha atualmente nasceram em outros países. São imigrantes que vieram por diversos motivos, seja para fugir de conflitos, seja a trabalho, como a carioca Thaiana, que se formou em enfermagem e agora exerce a profissão em Berlim. 

O estudo da língua alemã faz parte da rotina, mas a adaptação vai bem além. "A gente vem para um país que as pessoas são mais sérias, que as pessoas são mais resguardadas", pontua a enfermeira. 

Se há 200 anos os alemães deixaram o país natal em busca de oportunidades no Brasil, agora o sentido da imigração mudou. A Alemanha precisa de jovens profissionais qualificados. Essa escassez de mão de obra tem dois motivos principais: os alemães estão tendo cada vez menos filhos e vivendo mais.

Atualmente, a Alemanha tem a quarta maior comunidade brasileira na Europa, com 160 mil brasileiros. O país está atrás apenas de Portugal, Reino Unido e Espanha. Segundo a historiadora e coordenadora do Instituto Martius-Staden, Daniela Hothfuss, o fluxo migratório muda de acordo com a realidade de cada país. 



"Os fluxos migratórios mudam, conforme o tempo, conforme a situação econômica de um país, mas sempre é o mesmo motivo: o migrante tá em busca de condições melhores de vida", indica Daniela Hothfuss. 

Recentemente, o Parlamento Alemão aprovou uma nova lei para facilitar a entrada de pessoas de países de fora da União Europeia. As novas regras incluem os trabalhadores da saúde e da educação na lista de profissões em escassez. O governo alemão calcula que precisa de pelo menos 400 mil imigrantes para acabar com a falta de mão-de-obra no país.

A Alemanha também precisa de profissionais de TI, engenheiros, trabalhadores dos setores de hotelaria e gastronomia. No interior, há demandas pontuais, como padeiros e açougueiros. Nem todas as vagas exigem o domínio do alemão, algumas empresas pagam os estudos.

A turma de enfermeiros de Jeane Feres deve se mudar ainda neste ano para o país. Ela, que era concursada, largou o emprego no interior paulista para ir par a Alemanha. "Aqui tem muitos enfermeiros, inclusive muitos enfermeiros que não estão trabalhando na área, e eu acredito que tem mão de obra para cá e para lá", diz. 

Josias de Oliveira, que também é enfermeiro, deve se mudar de país e se empenha em aprender a língua alemã. "É desafiador, mas eu acredito que quando você tem um objetivo, as coisas se tornam mais fáceis", afirma. 

O estrangeiro também precisa se preparar para o preconceito. Segundo um levantamento com 29 mil imigrantes na Alemanha, 37% relataram episódios de discriminação em lojas e restaurantes. Até no ambiente de trabalho, os profissionais que vêm de fora precisam batalhar por reconhecimento.

A Cátia, brasileira que mora há quase 40 anos na Alemanha, é testemunha de que o país evoluiu nesse ponto. Ela atua como tradutora e intérprete, e acompanhou de perto a abertura gradual do país para o resto do mundo.

"Hoje em dia a Alemanha é muito mais internacional, as pessoas falam mais inglês nas ruas, tem mais paciência com os estrangeiros do que na minha época. Na minha época era uma Alemanha bem tradicional, bem fechada", diz Cátia Kroll. 

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