Maior navio do mundo, no séc XVII, batizou o Aeroporto do Galeão no Rio

Encomenda da coroa portuguesa e construído no Brasil, o navio de guerra para 4 mil homens já foi considerado o maior do mundo

O aeroporto internacional do Rio, na ilha do governador, foi batizado há alguns anos de Tom Jobim. Mas até hoje é mais conhecido como Galeão. O próprio Tom se referiu ao terminal assim no Samba do Avião.

Só que para entender o nome do aeroporto é preciso trocar o céu pelos mares, e rebobinar a história até o período das grandes navegações.

Galeão era uma classe de navio de guerra muito usado nos séculos dezesseis e dezessete. Os quatro mastros conferiam velocidade e a popa arredondada garantia agilidade nas manobras. Foi muito usado na conquista europeia de colônias na África e, aqui no Brasil, ajudou os portugueses a repelir a invasão francesa, nos anos 1500. No século seguinte, o império português, em decadência, tentava recuperar a autonomia política, após décadas de domínio espanhol.

Durante esse período Portugal tinha perdido muitas colônias para Espanha e após o fim da União Ibérica tentava recuperá-las.

Foi neste contexto que a coroa portuguesa fez a encomenda de um projeto audacioso a ser executado na sua principal colônia, o Brasil. O maior navio de guerra do mundo - um galeão - seria construído em um estaleiro localizado, onde hoje fica o aeroporto internacional, na ilha que pertencia ao governador do Rio de Janeiro.

Carpinteiros e ferreiros do Brasil - a maioria escravizados - trabalharam por 4 anos comandados por técnicos náuticos de Lisboa. O galeão chamado "Padre Eterno" foi lançado ao mar em 1664. Um colosso de 56 metros com 180 escotilhas, 144 canhões e tripulação de 4 mil homens. Muitas fortalezas não tinham a metade dessa quantidade de canhões. O navio ajudou a proteger esquadras portuguesas e ajudou nos objetivos militares de Portugal 

O Padre Eterno também participou da descoberta de uma nova rota entre o Oriente a Europa, pelo mar do Ártico. Ele afundou anos depois, em circunstância não esclarecida. Na época, já era obsoleto, ultrapassado pelos navios a vapor. Mas no imaginário do carioca, a figura do velho galeão nunca perdeu o seu valor.

O episódio deu nome ao bairro, ao aeroporto e o carioca gosta de brincar que a melhor saída para o Rio é o galeão.

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