Nicolás Maduro tomou posse, nesta sexta-feira (10), para o seu terceiro mandato seguido na presidência da Venezuela. Vários países, incluindo o Brasil, não reconheceram o resultado das eleições marcadas por denúncias de fraudes. A oposição classificou a posse de golpe de Estado.
Uma profunda crise econômica e social na Venezuela tem marcado o governo de Nicolás Maduro, que assumiu a presidência do país em 2013, depois da morte de Hugo Chávez. Hoje, o ditador foi empossado em uma cerimônia na Assembleia Nacional de Caracas.
No juramento, Maduro prometeu cumprir a Constituição e falou em um período de paz, prosperidade, igualdade e nova democracia. Ele recebeu a faixa presidencial para o seu terceiro mandato consecutivo, que deve durar até 2031.
Durante o discurso, o líder venezuelano criticou os presidentes da Argentina, Colômbia e Estados Unidos, e disse que seu governo irá garantir a soberania.
Um grande esquema de segurança foi montado para a posse. O ditador segue no poder depois de uma eleição contestada pela oposição e pela comunidade internacional. A vitória foi confirmada pela Justiça Eleitoral do país, controlada pelo regime chavista, mas as atas eleitorais nunca foram apresentadas.
Sem os resultados detalhados, a cerimônia foi marcada pela ausência de líderes estrangeiros. Apenas os presidentes de Cuba e Nicarágua, também ditaduras de esquerda, estiveram presentes. Outros países enviaram apenas representantes.
A reeleição de Maduro não é reconhecida por vários países, entre eles, Brasil, Estados Unidos, integrantes da União Europeia e países com governos à direita e à esquerda, como Argentina e Chile.
A falta de transparência nas eleições desencadeou uma onda de protestos, que foram reprimidos com violência no ano passado. Segundo organizações de direitos humanos, quase 2,5 mil pessoas foram presas e 24 morreram desde a votação, em julho.
Nesta quinta (9), atos organizados pela oposição levaram manifestantes às ruas da Venezuela para protestar contra a posse. Em Caracas, o ato foi comandado pela líder Maria Corina Machado, que não era vista em público há cinco meses.
Segundo aliados, Corina chegou a ser detida durante o protesto, e teria sido obrigada a gravar um vídeo dizendo que estava bem. Hoje, ela publicou um novo vídeo, reafirmando que foi detida e sofreu ferimentos, além de agradecer o apoio da população e acusar Maduro de um golpe de estado.
Corina e o ex-candidato presidencial da oposição, Edmundo Gonzalez, que se declarou vitorioso, têm permanecido escondidos nos últimos meses. Eles são acusados de diversos crimes pelo Ministério Público da Venezuela, que também é controlado por Nicolás Maduro, e são ameaçados de prisão pelo regime.