O governo federal decidiu anular o leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a importação de arroz. Um novo certame deve ocorrer com regras mais rígidas. A medida foi tomada após suspeitas sobre a compra de 263 mil toneladas do grão por R$ 1,3 bilhão.
Diversos lotes foram arrematados por empresas sem histórico de atuação no mercado de grãos. Entre elas, um mercado de queijos, em Macapá, uma locadora de máquinas agrícolas, em Brasília, e uma indústria de polpa de frutas, no interior de São Paulo.
A repercussão negativa bateu na porta do Palácio do Planalto e fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocar uma reunião de emergência. Sobraram críticas para o diretor da Conab, Edegar Pretto, e a ministros que participaram do processo. O petista teria classificado o leilão como “desorganizado”.
Um novo leilão será construído com a participação da Advocacia Geral da União e da Controladoria Geral da União. Ainda sem data para acontecer, as corretoras e as empresas vencedoras serão informadas da suspensão até esta quarta-feira (12), formalmente.
“Quem habilitava as empresas a participar do leilão era a bolsa, e não a Conab. Quanto ao resultado, a gente ficava sabendo depois, quem disputou, quem ganhou. Nós vamos construir mecanismos para avaliar antes quem vai participar, simples assim”, comentou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, foi exonerado, mesmo sob alegações de ter sido contra o leilão. Um ex-assessor dele é dono de uma empresa que ganhou a concorrência cancelada e já teve negócio com o filho do secretário. Geller afirmou que não mantém contato com o ex-assessor há quatro anos e nega qualquer tipo de favorecimento.
“Quando o filho dele estabeleceu sociedade com esta corretora do Mato Grosso, ele não era secretário de Político Agrícola. Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas que, de fato, gerou. Por isso, colocou cargo à disposição”, continuou Fávaro.
Segundo aliados de Geller, o secretário foi demitido por Fávaro. Também é estudada a demissão de Thiago dos Santos, diretor de Operações e Abastecimento da Conab. Ele esteve à frente de leilão e também é ex-assessor de Geller.