Lula critica ressurgimento do nacionalismo arcaico na Cúpula do Mercosul

Em discurso, o presidente Lula reafirmou a necessidade de aprimorar o sistema de pagamento em moeda local entre os países do Mercosul

Por Túlio Amâncio

O presidente Lula participou da Cúpula do Mercosul, no Paraguai e, indiretamente, criticou a ausência do presidente argentino Javier Milei.

A missão dos presidentes no evento era mostrar que a ausência de Milei não iria esvaziar a cúpula em assunção, no Paraguai.

"Não consegui trazer o presidente Milei, mas a gente tem que ter respeito com cada país e o processo de integração não se deteriora por isso”, disse o presidente do Paraguai, Santiago Penha.

Em discurso, o presidente Lula reafirmou a necessidade de aprimorar o sistema de pagamento em moeda local entre os países do Mercosul e criticou o ressurgimento do que chamou de 'nacionalismo arcaico'.

“No mundo globalizado não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista. Tampouco há justificativa para resgatar as experiências ultraliberais que apenas agravaram as desigualdades em nossa região”, disse.

Diplomatas do Brasil e da Argentina classificaram a fala como indireta a Milei, que participou nesse fim de semana de um congresso conservador em santa Catarina.

O presidente uruguaio - que no ano passado ameaçou deixar o Mercosul - foi mais direto.

"Não importa somente a mensagem. É muito importante o mensageiro e, obviamente, não menosprezo ninguém. Mas, se o Mercosul é tão importante, aqui deveriam estar todos os presidentes”, disse Luis Alberto Lacalle Pou.

Neste ano, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai recebem um novo participante pleno na cúpula: a Bolívia, que registrou uma tentativa de golpe de estado, há 15 dias. Lula comparou a situação com os ataques às sedes dos três poderes no ano passado.

"A reação unânime ao 26 de junho na Bolívia e ao 8 de janeiro no Brasil demonstram que não há atalhos à democracia em nossa região, mas é preciso permanecer vigilantes”, disse o presidente Brasileiro.

Lula não mencionou a Venezuela, que chegou a fazer parte do bloco, mas está suspensa há quase 10 anos por não seguir regras do grupo, como a de ter uma democracia reconhecida.

A eleição venezuelana, que acontece daqui a 20 dias, também foi pauta. Mas no encontro reservado entre os chefes de estado fontes da diplomacia brasileira dizem que os membros do Mercosul se preocupam com o reconhecimento do resultado por parte do perdedor e que os presidentes não acreditam que a situação irá estabilizar por lá depois do pleito.

Lula deixou o evento e seguiu para a Bolívia, onde se reúne com o presidente Luís Arce, e com o ex-aliado e atual desafeto de Arce, o ex-presidente Evo Morales.

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