Lula critica fim da checagem em plataformas da Meta e convoca reunião para discutir riscos

Presidente classificou a decisão da Meta de acabar com o sistema de checagem de fatos como “extremamente grave”

Caiã Messina

Com Alexandre de Moraes ao lado, Lula discursa em cerimônia do 8 de janeiro
Camargo/Agência Brasil

A empresa dona do Facebook e do Instagram publicou, em português, as novas diretrizes anunciadas essa semana. As regras dispensam o uso de moderadores nas redes sociais. O presidente Lula convocou para esta sexta-feira (10) uma reunião para discutir os riscos dessa mudança.

Lula falou com os jornalistas durante uma visita surpresa à galeria de fotos dos ex-presidentes, reinaugurada no Planalto. O presidente classificou a decisão da Meta de acabar com o sistema de checagem de fatos como “extremamente grave”.

“Eu acho que é extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha mesma responsabilidade de um cara que comete um crime na imprensa escrita. Como se um cidadão pudesse ser punido porque faz coisa na vida real e pudesse não ser punido porque faz a mesma coisa na digital”, disse. 

A Meta controla plataformas como o Facebook, o Instagram e o WhatsApp. A ideia é passar a usar o sistema de “notas da comunidade”, adotado pelo X, em que os próprios usuários fazem correções das postagens. 

No Planalto, a avaliação é que se o fim da moderação direta nas redes sociais chegar ao Brasil, pode abrir espaço para a disseminação de fake news, principalmente de teor político. 

Na versão atualizada das diretrizes, publicada também em português, a Meta passou a permitir que usuários associem doenças mentais a gêneros ou orientação sexual. O Ministério Público mandou um oficio à Meta cobrando explicações e deu um mês de prazo para a empresa se manifestar. 

Hoje, mais de 100 entidades da sociedade civil, como universidades, ONGs e sindicatos, assinaram um manifesto contra as mudanças. 

“É um afrouxamento das regras de moderação, e muito especificamente em temas sensíveis como gênero e imigração, mas isso também pode se espalhar para outros tópicos também sensíveis para a população brasileira, como aqueles que dizem respeito aos golpes e fraudes e também a conteúdos relacionados à saúde, especificamente pensando nos outros problemas que a gente teve durante a pandemia”, explicou Luã Cruz, coordenador do programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Idec. 

Tópicos relacionados

Mais notícias

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.