O presidente Lula voltou a criticar o projeto que equipara o aborto com o homicídio nesta terça-feira (18) e classificou o PL como 'crime hediondo'. Em entrevista, o político afirmou ser contra a interrupção da gravidez, mas que não se deve obrigar vítimas de estupro a terem filhos dos agressores.
"Elas têm o direito de ter comportamento diferente e não querer o filho. Por que uma menina é obrigada a ter um filho do cara que estuprou ela? Que monstro vai sair do ventre dela?", questionou Lula, citando as maiores vítimas de estupro no Brasil, que são meninas com cerca de 14 anos.
Para o presidente, o que deve ser discutido é sobre como levar educação sexual para as escolas, sem retrocesso. Líderes da Câmara dos Deputados decidiram que a votação do projeto que equipara aborto a homicídio, até em caso de estupro, não tem mais data para ser retomada.
Nos bastidores, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse a aliados que iria adiar a discussão após a onda de protestos e críticas que caíram no colo dele com a aprovação relâmpago da urgência da matéria.
Entenda o 'PL do aborto'
O projeto prevê pena maior para vítima de estupro, de até 20 anos, como no homicídio. Na prática, enquanto a mulher que passar por um aborto ficará presa até 20 anos, o estuprador terá pena de até 10 anos. As reações a ameaça aos direitos das mulheres vieram da bancada feminina e dos eleitores.
Em menos de uma semana, a proposta bateu recorde de visualizações no site da Câmara: foram mais de 6 milhões, quatro vezes a mais que o segundo projeto mais lido no ano.