Economistas questionam a obsessão do Banco Central com os aumento dos juros como a primeira arma para conter a inflação. Com isso, o custo do dinheiro aumentou, mas o índice inflacionário continua a desafiar os brasileiros.
A alta de mais de 10% ao ano nos preços agravou um problema que já é crônico no país: a disparada dos juros.
Para que as famílias voltem a encher o carrinho, o Banco Central aumenta a taxa Selic na tentativa de segurar a inflação. Mas a inflação agora não é de demanda, ou seja, os preços não estão aumentando porque as pessoas compram mais. O Brasil vive um cenário totalmente diferente.
Reflexos da pandemia, desvalorização do real, e alta do petróleo no mundo, além de turbulências na política e na economia. Apesar disso, o Banco Central continua usando a mesma arma contra a inflação.
Os juros básicos da economia saltaram de 2% para 7,75% em 1 ano. É a terceira taxa mais alta entre as 20 maiores economias do mundo, só atrás de Turquia e Argentina. Essa pancada na economia não consegue conter a inflação e nem o câmbio.
Nos últimos 2 meses, o real foi a segunda moeda que mais se desvalorizou no planeta: 5,96%, atrás apenas da lira turca (9,64%).
Economistas criticam o aumento de juros, pelo Banco Central, como única estratégia para tentar conter a inflação. O efeito colateral é a desaceleração da economia.
“Ele aumenta os juros e a economia vai desaquecer mais. Os mercados não estão comprando essa solução como algo que vai debelar a inflação. O dólar continua subindo, tudo continua andando na direção errada”, criticou o economista Raul Veloso.
“É uma situação em que você tem uma certa desaceleração já em curso, vai ser forçada mais desaceleração por alta de juros sem garantia nenhuma que vai ter o controle da inflação. Sem dúvida nenhuma, é o pior dos mundos que a gente está vivendo hoje quando se trata de política monetária e economia no Brasil”, completa o também economista André Perfeito.
Especialistas concordam que, no médio prazo, a solução passa pelas reformas tributária e administrativa, além da melhoria na infraestrutura no país. A meta deve ser cortar custos, tornar o serviço público mais eficiente e menos caro, para atrair investidores e gerar empregos.